Novo site

Aviso importante!

Meu blog mudou para um novo endereço: textosecteto.com.br.

#>>> CLIQUE AQUI <<<# e conheça o novo site!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mais sobre o herói Nascimento



Vasculhando na internet, encontrei uma entrevista na qual Bráulio Mantovani, o roteirista de Tropa 2, junto com José Padilha, afirmava que Beto Nascimento não era um herói, mas sim um anti-herói. Conversei com o Bráulio ontem mesmo e ele disse que concordava com o post abaixo sobre a matéria da Veja. Não sei se ele mudou de opinião ou quis me despachar, mas a verdade é que fica meio difícil afirmar que um personagem não é herói porque toma decisões que são eticamente discutíveis.

Nascimento tortura e mata, com certeza, mas ele não mata gratuitamente. Quem já pegou uma arma na mão e disse “alto” para alguém que não quis parar e ainda sacou uma pistola, sabe muito bem que não dá para ficar parado esperando o tiro chegar. Nos dois filmes,

o pessoal do Bope atira em quem está oferecendo resistência, em quem está atirando de volta com seus AK-47, Rugger M-14, AR-15 e outras armas de guerra.

O Bope, nos dois filmes, apela para a violência, no calor da batalha, para obter informações que podem custar a vida ou a morte de outras pessoas. Isso é atitude de herói ou de anti-herói ou de vilão?

Tudo depende do conceito de ética de cada um. Como disse no outro post, mais interessante do que saber se Nascimento é herói ou anti-herói, é saber como o brasileiro de um momento para o outro aceita o surgimento desse tipo de personagem.

Vi no Twitter alguém perguntando: “Como primeiro herói? E Macunaíma?”

Não dá para discutir. Macunaíma é certamente um anti-herói, como seria o Zé Carioca e tantos outros surgidos dentro da picaresca. Se faziam o bem, era por acaso. Na verdade pretendiam “se dar bem” mas acabavam fazendo o correto acidentalmente. Quando acontecia isso.

Nascimento pode ser comparado tranquilamente com o personagem Martin Riggs, da série Máquina Mortífera. Riggs atira para matar. Nascimento também. Riggs tem seus conflitos existenciais, assim como Nascimento. Riggs bebe pacas. Nascimento, talvez. Riggs fica puto com a corporação que serviu, no caso, o Exército Norte-americano, as forças especiais, qu

e deixou surgir um grupo de militares-traficantes que usavam a própria estrutura da guerra do Vietnã para ganhar milhões com o tráfico de heroína.

Coincidências?

Algumas. Riggs não enfrenta o “sistema”, mas o câncer localizado (estou me referindo ao primeiro Máquina Mortífera, que é um filme do cacete, muito melhor do que os 3 que vieram depois) e enfrenta como quem sai matando baratas. Duvido que alguém tenha cogitado pensar que Mel Gibson estivesse interpretando um anti-herói. E quantos bandidos ele mata? Quantas vezes ele é violento? Quantas pessoas espanca?

Citando os outros filmes seguintes, a violência de Marting Riggs vira até uma espécie de piada, e todo mundo ri.

No entanto, é na dramaticidade de sua violência que o cinema ganha uma das seqüências mais “Power” de sua existência, quando Martin Riggs e Roger Murtaugh conversam, ao lado de uma árvore de Natal, como vão fazer para vencer os bandidos. Mel Gibson, com sua voz grave diz:

“Vamos fazer do meu jeito. Quando você atira, atira para matar”

E na sequência seguinte temos uma verdadeira carnificina que é seguida por uma série de torturas a Riggs, que justificará todo o banho de sangue seguinte.

Talvez fosse isso que faltasse em Tropa de Elite para que não dissessem que Beto N

ascimento é um anti-herói. Ele não apanha. Assim como os personagens de Steven Seagal, ele bate pacas e não apanha nunca. Ele atira e não leva tiro.

Indiana Jones apanha até quase desmaiar antes de sair descendo o cacete. Nem se fala no caso do Duro de Matar John McClane. Eles justificam a violência.

Mas Beto Nascimento está aqui pertinho e não precisa justifica coisa nenhuma porque a sociedade está apanhando todos os dias, sendo assaltada, vendo seus filhos, maridos e namorados morrendo porque não tinham dinheiro no bolso na hora do assalto e vendo os traficantes matarem pessoas inocentes em seus “microondas”.

O público já sofre bastante com políticos corruptos, impostos altos (isso não é Brasil, é Nothingham!) e falcatruas. Beto Nascimento não precisa sofrer mais para justificar seus métodos.

Já o Steven Seagal precisaria!!! Aplaudi muito quando ele morreu em 15 minutos de filme em Executive Decision...

Nenhum comentário:

Postar um comentário