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segunda-feira, 11 de abril de 2011

Imaginação e justificativa

Falo aqui como romancista, não como psicólogo, que não sou.
O rapaz de Realengo deixou diversos escritos que recordam os tais escritos ACHADOS que fundamentaram muitos romances que tinham, como função, dar a impressão de que eram relatos reais.
Na verdade, tais relatos não tinham a função de nos fazer crer naquilo que eles contém, mas sim de fazer o próprio atirador transtornado crer em sua fantasia.
Isolado, acuado, injustiçado dentro de sua cabeça e sua existência, passou a viver nos limites entre o mundo real e seus mundos fantásticos.
Escrevia o que imaginava para poder fundamentar, em sua própria cabeça, a sua realidade. No caso, a sua justificativa.
É óbvio que o matador de Realengo passou anos pensando se buscaria ou não sua "vingança". Pode ter passado anos, desde a infância até o início da vida adulta. Pode ter pensado em tudo aquilo quando garoto, mas não tinha as ferramentas.
Tão pouco tinha uma justificativa que pudesse romper com as últimas barreiras de sanidade que sua mente poderia ter.
Daí construir um personagem e toda uma realidade. Uma realidade complexa como de um roteiro de espionagem.
Ele precisava disso para que ele próprio pudesse acreditar nisso quando não estivesse vivendo em um de seus surtos psicóticos. Com a escritura e a leitura, e a re-leitura, ele passava cada vez menos a depender de tais surtos para sentir que tinha motivação suficiente para agir.
Até o dia que o personagem suplantou o verdadeiro eu e tomou a atitude que para si estava mais que justificada por toda uma "instituição" terrorista da qual faria parte.
Uma instituição criada para que ele próprio pudesse atingir seus objetivos.
A vingança.
Quantas pessoas podem estar vivendo isso, assim, neste exato momento?

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