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sábado, 21 de abril de 2012

O Fusca da Democracia

Quem quer um Fusca?
O  Fusca foi um carro que marcou uma época. Ele era barato de produzir e resistente. Seu motor era refrigerado a ar, projetado para aguentar situações difíceis. O brasileiro adorou o Fusca e sua manutenção simples e barata.
Mas hoje quem quer um Fusca? Ele não tem ar-condicionado, a suspensão é ruim, a direção não é hidráulica, não tem ABS nem servo freio. Ninguém quer um Fusca porque ele não é mais eficiente para os dias de hoje.
E o que a Democracia tem a ver com o Fusca?
Tudo.
A Democracia não é mais eficiente para os dias de hoje. Ela foi "projetada" para uma época em que a população se reunia na praça e cada um dava seu pitaco no comando do grupo. As coisas funcionavam.
Nas sociedades de milhões de habitantes, hoje, não funciona mais.
Diferentemente dos carros, a Democracia não se modernizou. Hoje temos diversos modelos, um melhor do que o outro, mas o modelo da Democracia é velho, não é eficiente e cheira mal como carro velho.
Como modernizar a democracia e fazer com que ela volte como nos tempos em que os governantes tinham vergonha de fazer errado porque tinham medo de apanhar na praça do centro da cidade?
Precisamos pensar nisso...
As  redes sociais dão uma aula sobre as possibilidades de modernização da Democracia.
Nas redes sociais estão armazenadas informações sobre bilhões de pessoas. Tudo está interligado e o efeito é imediato. Por que nossos votos não estão armazenados em uma rede social?
Por que eu não posso ser capaz de retirar o meu voto quando descubro que o político no qual votei está desmerecendo meu voto? Isso seria possível?
Basta dar uma olhadinha nas redes sociais e ver o potencial.
Quando os votos do político ficasse abaixo de uma determinada porcentagem, ele perderia o cargo. Isso faria com que os representantes andassem na linha, como os de antigamente, bem antigamente, quando a democracia funcionava.
Haveria riscos de fraude em uma rede social eleitoral? Tanto quanto na urna eletrônica, com a diferença que cada eleitor teria o controle de seus votos, o que não existe no caso da urna eletrônica.
Se o Fusca tivesse linhas modernas, ar-condicionado, computador de bordo, suspensão macia e etc, todo mundo ia querer um Fusca.
Assim como precisamos de um carro moderno, precisamos de uma Democracia que funcione nos tempos de hoje.

Protesto contra a corrupção

Alto lá, precisamos parar e avaliar o fraco engajamento ao ato contra a corrupção, realizado em todo o país neste dia 21 de abril de 2012. Não dá para partir rumo ao simplismo de estabelecer que o brasileiro é bovino, que tem os políticos que merecem e assim vai. Estamos ouvindo isso desde sempre, como motivo para explicar porque a nossa colonização não deu certo, isso ou aquilo. É preciso analisar o nosso comportamento, e esse é o tipo de coisa que não será feito de um momento para o outro, em cima do joelho. Não ouso querer explicar, mas arrisco a por algumas luzes sobre essa situação, a guisa de provocar a discussão.
Acho que podemos partir do princípio que o brasileiro não sabe mais onde pedir ajuda. Estamos numa situação parecida com aqueles filmes de ficção científica dos anos 50, quando uma cidadezinha era invadida por alienígenas e os cidadãos passavam a ser substituídos por extraterrestres que assumiam a forma humana. Os protagonistas, na tentativa de escapar e enfrentar a ameaça, procuravam ajuda e invariavelmente se deparavam com aliens disfarçados de humanos - as pessoas em que eles mais confiavam haviam se transformado em inimigos.
Essa filmografia - que fez muito sucesso - se enquadrava na paranóia da Guerra Fria, na qual os americanos propagandeavam sobre o risco de uma invasão comunista, na qual seu vizinho poderia ter se tornado um colaborador dos russos.
Nossa realidade não é muito diferente. O caso Demóstenes é uma prova disso. O grande baluarte da oposição, que vivia acusando o governo petista de ladroagem estava envolvido exatamente com o crime organizado. Ou seja, uma pessoa para quem o brasileiro poderia se dirigir com denúncias de corrupção era mais um alienígena (corrupto) disfarçado de bom cidadão.
A questão é: quantos mais são assim?
Voltamos ao caso da relação Demóstenes-Cachoeira e vemos acusações contra a revista Veja, uma das mais conceituadas do Brasil. E aí, como fica? Quais veículos de comunicação têm ficha limpa? Qual magistrado? Qual policial? Qual empresário? Qual professor? Qual aluno e qual dona de casa?
Será que podemos falar com o nosso vizinho sobre o último escândalo da ALE ou ele está na folha de pagamento fantasma do Legislativo? Será que aquele nosso colega que passou no concurso público estudou mesmo ou foi apadrinhado? Quantos casos existem assim?
Uma coisa é verdade sobre o Brasil: a corrupção hoje se alastrou de uma forma muito ampla, não estamos mais vendo uma pequena minoria garfando os cofres públicos - isso virou uma legião! De positivo está apenas o fato que temos mais gente roubando, mas mais gente gastando, torrando o dinheiro fácil com empregadas, carros de luxo, escolas caras, bares de luxo, restaurantes de primeira linha. O dinheiro circula mais do que no Brasil do início do século XX, que era corrupto, mas cujo poder sob a coisa pública estava nas mãos de poucos.
Mas isso é bom? Claro que não.
Talvez o brasileiro não saia à rua para protestar porque ele não acredite que isso vai funcionar, mas ele acredita que vai se divertir no show sertanejo ou no Carnaval - disso ele tem certeza. Mas o brasileiro hoje não tem certeza alguma de que seu esforço contra os corruptos poderá ser recompensado.
Isso é ruim? É péssimo. E qual é a saída?
Ora bolas, as redes sociais foram a mola que alavancou a Primavera Árabe, derrubando ditaduras no norte da África? As redes sociais na internet e milhões de dólares investidos em ações secretas, em mobilizações frotas de navios de guerra, em lançamentos diários de mísseis de milhões de dólares e alta tecnologia em combate e informação.
As redes sociais e bilhões de dólares foram capazes de mover uma população que estava acomodada, acostumada com seu destino, mas não vamos nos iludir. Eu estive na Tunísia no ano passado e não foi um, não foram dois nem três tunisianos que disseram que um governo corrupto foi derrubado para poderem ser feitas eleições com candidatos mais corruptos ainda.
E como ficamos?
A próxima manifestação contra a corrupção terá um propósito além de reunir gente na rua? Vamos nos encontrar na rua para gritar palavras de ordem e depois o quê? Quem vai olhar para os milhares de pessoas na rua e vai temer seu poder? Quem?
Acho que é esse o propósito de uma manifestação popular: mostrar o poder do povo. Um poder que pode ser canalizado para onde? Com qual finalidade? Para fazer o quê? Para intimidar quem?
De outra forma, em setembro talvez mais gente saia às ruas, pinte o rosto e depois volte para casa para limpar a tinta. E a sensação de que se conquistou algo? Como vai ser?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Facebook, o paraíso do Spam

Ah... como as pessoas enviavam spam no início da internet... Qualquer frase legal, imagem bonitinha, a foto que acabou de ser tirada na câmera digital de 1.3 mp... tudo virava um email enviado para os amigos, os vizinhos e conhecidos. Mandou um email para alguém? Vixi... você teve seu endereço copiado e acabou sendo anexado naquelas intermináveis listas de mensagenzinhas babacas, pirâmides, promessas, etc.
Ficamos chatos com o tempo. Abrir um email com um power point com imagens lindas de morrer foi se tornando cada vez mais um amargor. Ficamos cansados disso.
Vieram os anti spam, as respostas grosseiras até que...
inventaram o Facebook!!!!
Hoje todo mundo posta suas fotos de prato de comida, do cachorro, posta as frases lindas, as imagens emocionantes, a filosofia de Poliana, a filosofia de botequim, a piada engraçada e a sem graça... Tudo no Facebook. E agora todo mundo curte, todo mundo adora.
Para falar a verdade, agora as pessoas deixam de fazer coisas até mesmo mais prazerosas para passar o final de semana inteirinho olhando o Facebook cheio de coisas que no email delas é considerado SPAM.

Redes anti sociais

Será que é novidade para alguém que as pessoas estão vivendo um processo de individualização já faz um bom tempo? Famílias menores e que encontram o fim em relacionamentos instáveis e inférteis - cada vez isso é mais comum.

Violência urbana crescente, aumento da jornada de trabalho com a valorização desmedida da vida corporativa - uma vida que não tem metade da leveza ou da liberdade dos relacionamentos familiares.

Somos, sim, mais solitários que nossos pais e avós.

Antigamente as pessoas visitavam umas as outras sem aviso prévio. Tinham certeza de que seriam bem recebidas por seus parentes e amigos. O advento do telefone – por exemplo - mudou isso, já mostrando como a tecnologia chegava com um grande potencial de individualização. ''Ligue antes, vá depois", dizia uma campanha antiga que procurava impor às pessoas um novo valor, dito metropolitano, à guisa de estimular a economia de tempo, de combustível e de gasto de impulsos telefônicos. Ficamos mais chatos do que nossos pais e avós.

E com isso fomos aceitando a solidão como um sinal dos tempos, um ingrediente inevitável da vida moderna.

Consideramos aceitável o comportamento coletivo e gregário até um determinado momento da juventude, para, em seguida, acharmos natural e evolutivo que as pessoas limitem seus contatos sociais no seio da família, apenas.

No final de semana passado o Facebook teve – no Brasil – mais acesso que o Google. Os comentários que vi na mídia especializada (ou não) dão um certo tom de comemoração. Mas o que há para celebrar nisso? Analisemos...

Ficamos mais tempo em casa fazendo aquilo que poderíamos fazer ao vivo: visitar os nossos amigos. Amigos que, na verdade, nem são mais tão nossos amigos assim. São pessoas que conhecemos. Marcamos 5 mil amigos no Orkut, no Facebook como uma forma de nos sentirmos interligados com o mundo, com as pessoas, mas fazemos por nossos amigos aquilo que nossos avós faziam pelos seus amigos? Recebemos 5 mil amigos em nossa casa colocando apenas água no feijão e um colchão na sala? Aceitamos ser avalistas para aquele crediário tão importante para nossos amigos? Acordamos no meio da madrugada para ajudar 5 mil amigos que sofreram um acidente?

As redes sociais nos fizeram ter 5 mil amigos ou nos trancaram dentro de casa forçando-nos a comprar o último modelo de tablet para poder conversar com eles?

O fenômeno do Facebook ter ultrapassado o Google no último final de semana - para mim - é motivo para reflexão.