quinta-feira, 31 de março de 2011
Enquanto isso, no Norte da África
Eu sou gordo, mas não sou o cara mais gordo do mundo
Entrevistas e entrevistas
sábado, 26 de março de 2011
Estratagema Obama
Pode ser uma grande coincidência que o povo no mundo árabe tenha, de repente, decidido Se insurgir contra seus líderes. Interessante a postura dos EUA, cedendo no Egito, em toda uma região onde há décadas faz questão de fincar suas garras. É interessante como a Comunidade internacional se sente à vontade para legitimar as ações contra Kadafi e, aposto, vai se sentir bastante à vontade apoiando movimentos idênticos no Irã.
Não julgo que seja reprovável remover à força do poder um ditador como Kadafi. Ele já teve tempo suficiente para fazer sua resistência ao capitalismo imperialista, etc e tal. E teve tempo bastante para enriquecer às custas da pobreza do povo Líbio. Ah. Isso com certeza.
O velho Cauby Líbio poderia ter a decência de sair do governo já, poupando o mundo demais um banho de sangue. Porque independente de qualquer coisa, um governo fantoche vai tomar o poder. Toda a estratégia norte-americana está bastante clara. A idéia é fazer com que a tomada do poder naquele canto do mundo ganhe um certo ar de legitimidade, deixando para o passado a estratégia de guerras e invasões no melhor estilo Bush.
Mas a verdade é que apesar de Obama ter topado essa artimanha, capaz de concretizar o sonho americano de dominar a rota da seda com menos derramamento de sangue, isso não passa, no final das contas, do objetivo de sempre: roubar. Tomar à força.
Obama, no final das contas, faz o mesmo que Bush fez. No entanto, com uma desfaçatez maior. Cara de Pau mesmo. Posando de cordeiro, com alma de lobo.
terça-feira, 1 de março de 2011
Tecnopatia, um novo "mal" ou uma simples adaptação aos tempos modernos?
Descobri, da boca de uma menina de nove anos, o sentido da palavra tecnopata. E descobri da maneira mais dura: sendo chamado de tecnopata. O motivo foi simples, estava explicando o que era “atualizar o sistema operacional de um smartphone”.
Isso lá é coisa para explicar para uma criança de nove anos? Acho que é. Hoje em dia há sistema operacional (SO) em quase tudo que vemos por aí. Em relógios, batedeiras, processadores de alimentos, computadores de mesa, portáteis, PDAs, smartphones, telefones de PABX, celulares e sei lá mais o quê. Praticamente tudo que faz mais do que começar a girar ao ser ligado e parar depois de desligado tem um SO. Carros têm SO, aviões também.
Um dos SO mais populares dentro da indústria, mas não perante o público, é chamado TRON. Quase ninguém vê TRON por aí funcionando, ninguém compra ou baixa programas para ele, mas esse SO faz funcionar uma infinidade de aparelhos. Foi criado pelo engenheiro japonês Ken Sakamura e roda em muito mais aparelhos que o Windows e o Mac OS juntos. Sakamura não ficou rico, pois criou o código do SO e o deixou livre, aberto, como o Linux.
Saber que existe um sistema operacional, e o que ele faz, e mais ou menos o que ele é, praticamente significa a mesma coisa para um ser humano, hoje, como foi para o homem da antiguidade descobrir o motivo da chuva. Sim, seu smartphone não é uma peça com poderes mágicos.
Nos anos 80, no princípio da microinformática, as pessoas compravam computadores que chegavam às suas mãos com o SO cru, sem interfaces gráficas amigáveis como o Windows. Era uma tela escura ou branca com um tracinho piscando, esperando que alguém fizesse alguma coisa. O Windows não é diferente, mas dá uma grande impressão de que está fazendo alguma coisa, e deve estar mesmo, pois demora quase dois minutos para ligar.
Não ser ignorante em informática, hoje, é quase tão importante quanto saber trocar um pneu, saber que não existe a “rebimboca da parafuseta” e ter total noção de que um carro precisa de gasolina para andar. Os computadores fazem parte de nossa vida e são ferramentas. Conhecer pelo menos 50% do que seu tablet, smartphone ou desktop pode fazer é o mesmo que ganhar tempo ou ir mais longe em suas potencialidades. Quem não se lembra da alegria ao descobrir a “mágica” do CTRL C e CTRL V?
Saber como funciona essa coisa de plástico e areia (dos chips e do vidro do display) que está carregando no bolso não deveria ser motivo de chamar ninguém de tecnopata. A não ser que a pessoa passe horas e horas fuçando no Google sobre como hackear seus aparelhos, baixando novidades, perdendo um tempo incrível com isso... Conhece alguém assim?
Robinson Pereira é jornalista e tecnopata
Tablet é computador ou não?
Os especialistas do governo que estão fazendo essa avaliação devem levar em conta que um tablet é um aparelho com os seguintes itens: memória, uma central de processamento, uma unidade de output (saída de dados) e uma unidade de input (entrada de dados). A questão é que diferentemente dos computadores tradicionais, a mesma peça física que faz o output é a que faz o input. Ou seja, a tela.
Mas isso não é novo. Um dos primeiros tablets da história foi o Apple Messagepad Newton, criado pela mesma Apple que deu à luz ao iPad, que o mundo consagrou como primeiro tablet (de novo). Parece um surto coletivo de amnésia, pois tablets já existiam há alguns anos, rodando o próprio Windows XP Tablet Edition que contemplavam a mesma facilidade de output e input pelo mesmo lugar (a tela).
Antes disso, vimos uma enxurrada de palmtops e PDAs e handhelds, todos sempre com telas sensíveis ao toque de uma canetinha, permitindo processamento, armazenagem de dados e outras funções. O avanço tecnológico permitiu a tal convergência de funções e vocações, criando a explosão de aparelhos que unem computador, celular, televisão, rádio e futuramente máquina de lavar roupas. Mas nenhum deles, no final das contas, deixou de ser um computador.
Nos anos 80 a Hewllet Packard lançou uma calculadora programável bastante avançada para a época, que até hoje é capaz de dar no couro em qualquer aula de engenharia. Ela se chamava HP41CV e foi até mesmo adotada como item fundamental nos vôos da Nasa depois do acidente da Apolo XI, quando os astronautas ficaram sem computador e tiveram que fazer cálculos complexos de cabeça. Um passeio pelo Google mostrará que não são poucos aqueles que se referem à boa e velha HP41CV como primeiro computador de mão.
Em resumo, a discussão se tablet é computador ou não é uma bobagem. O fato de rodar um sistema operacional que seja diferente de um Windows, OS2, Unix ou outra coisa que o valha não afasta esses aparelhos da vocação de lidar com processamento de dados, com entrada e saída dos mesmos, assim como seu armazenamento. São computadores, assim como o meu e o seu smartphone. São computadores também as calculadoras programáveis como TI89 e HP50G que custam quase R$ 1 mil, um preço impeditivo que coloca os nossos estudantes sempre em pé de desigualdade com relação aos estudantes americanos, europeus, japoneses, chineses ou australianos. Elas também deveriam custar bem mais barato.
Enquanto discutem o sexo dos anjos (sim, pensar se tablet é computador ou não é sexo dos anjos) o mercado cresce menos do que poderia crescer e ficamos atrás em termos de comunicação e mobilidade de dados, tratando tudo isso como se fosse supérfluo, coisa de gente esnobe que tem dinheiro sobrando para gastar com um brinquedo caro.
O que faz pensar: por que será que a maioria dos iphones que a gente vê por aí tocam Marimba quando recebem uma chamada?
Robinson Pereira é jornalista e tecnopata