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domingo, 11 de outubro de 2015

que tal repensar o nosso conceito de sucesso?

Cada vez mais pessoas estão se dando conta de que o modelo de sucesso que servia para nossos avós e nossos pais não funcionam mais para uma civilização com mais de 7 bilhões de pessoas.
Mas como isso acontece?
Qual é o processo de dar-se conta de que alguma coisa mudou?
Como essa possibilidade de um novo conceito de mundo se manifesta no campo das ideias?
O quanto a internet tem a ver com isso? Mudemos a frase: o quanto a possibilidade das pessoas se comunicarem de forma mais eficiente tem a ver com isso?

Podemos começar com um questinonamento acerca de uma ideia antiga: É bom ser rico.

Isso não foi uma pergunta, mas sim uma afirmação, pois, de fato, é nisso que a maioria das pessoas do planeta sempre acreditaram, desde que o mundo é mundo.
Cabe, hoje, à luz do que sabemos e do que temos sobre a mesa, colocar um ponto de interrogação no final da frase:
  • É bom ser rico?

Talvez a melhor forma de começarmos a responder a essa (agora) pergunta, considerando como era a justificativa para a antiga afirmação:
  • Ser rico é bom porque podemos fazer o que quisermos. Temos poder e um manancial inesgotável de recursos.
Isso é verdade?

Bem, talvez em um mundo com menos pessoas, com uma interligação menor entre as pessoas, isso fosse o suficiente. Mas hoje, quando ao ligarmos a TV, a internet, vemos que no outro lado do planeta, ou no final da rua do nosso bairro, existe gente se matando por um prato de comida, por um par de chinelos, devemos repensar a justificativa acima, pela simples constatação de que o acúmulo de capital só acontece quando esse mesmo capital deixa de ir para as mãos de muitos para se aglutinar nas mãos de poucos.
Logo, a carapuça se ajusta perfeitamente bem naquele que percebe que sua riqueza é o motivo da pobreza dos outros.
Mas é difícil afirmar que o dinheiro que está na conta bancária de A seja exatamente o dinheiro que não está no bolso de B, C, D e E.
Óbvio que não. O dinheiro é fluido demais, e segue por caminhos diversos até ser acumulado por alguém.
Mas poderíamos dizer que eu não tenho uma casa própria porque parte do meu dinheiro está no bolso do Bill Gates, dos Oddebrecht ou até mesmo no bolso do meu vizinho que tem um carro que custa o dobro do meu?

Esse questionamento é antigo. Em parte, sua análise já rendeu o manifesto comunista, a revolução francesa e outros tipos de ações de luta entre classes (mesmo que ações mentais). O que podemos ter hoje é uma nova visão, compartilhada, de que precisamos encontrar uma saída para isso.

Mas vejamos uma analogia:
Perguta: quem quer comer alface com agrotóxico?
Resposta: ninguém.
Pergunta: então vamos abolir o agrotóxico em escala mundial e adotar a hidroponia e o cultivo orgânico.
Resposta: sim! Isso que queremos.
Pergunta: está disposto a pagar R$ 10,00 por um alface?
Resposta: sim, eu posso pagar por isso
Pergunta: a questão não é que você pode pagar por isso, mas sim que hoje tem gente que não pode pagar R$ 1,50 pelo alface feito em larga escala com agrotóxicos, como vão pagar pelo orgânico de R$ 10?

Ou seja, as soluções não são tão simples, e os conceitos intrínsecos a um novo mundo, melhor, mais saudável, mais justo e mais ecológico não se aplica a todos. nem todos podem pagar por esse futuro. E não é exatamete isso que queremos resolver?

Vejamos outro ponto: os jovens empreendedores, cheios de ideias progressistas, humanitárias, includentes, etc, busca recursos para suas startups poderem… bombar na internet e fazê-los ganhar o primeiro bilhão antes dos 30 anos.
Mas de onde vem esse bilhão?
Ah sim, de um bilhão de pessoas comprando seus aplicativos de internet baratinhos, a R$ 1,50.
Tomar um pouquinho de cada um em escala global te faz um melhor capitalista?

Vejamos, então:
  • queremos um mundo novo, mas esse mundo novo é caro.
  • queremos uma forma nova de interagir com a economia, mas continuamos querendo acumular e pegar o pouco que o outro tem.
  • mas por que ter mais do que precisamos?
  • e se nos contentarmos com pouco, será que poderemos comprar o alface biodinâmico de R$ 10?

Matrix, no início desse século, fez um grande sucesso no cinema. (a partir deste momento, é bom que você tenha visto o filme).
Marcou época com seus efeitos especiais, mas o mais importante do filme é o seu conceito de sociedade.
Somos pilhas, sendo exploradas por um sistema.
Esse sistema nos adula, permitindo que nos achemos mais bonitos, mais na moda, mais cool, mas nos explora.
Basta ver as roupas super fashion dos personagens dentro da Matrix.

Ao romper com o sistema, como surgem os personagens no filme?
Estão aos farrapos.
Mas estão felizes.

Vamos conectar Matrix com as ideias expostas antes:
  • para podermos comer o alface de R$ 10 - todos, no planeta - precisamos nos vestir como as pessoas que conseguiram sair da Matrix?

De certa forma, sim. Precisamos nos despir do que não é necessário, para podermos ter aquilo que é justo, correto e sustentável.
Ganhar um bilhão (ou mesmo um milhão) antes dos 30 anos (ou antes dos 40, dos 50 ou dos 60), não é sustentável para as outras pessoas. Ninguém precisa produzir um aplicativo que vire febre para um bilhão de pessoas.
Por isso o desenvolvedor do Flappy Bird encerrou o projeto.
Por isso o desenvolvedor do TRON, o sistema operacional mais usado no mundo, sempre o deixou em código aberto.
Enriquecer requer geração de pobreza.

Por isso, quando pensamos em produzir alimentos em larga escala, pensamos em agrotóxico. Produzir em larga escala sem agrotóxico é muito mais caro.
Mas então, precisamos produzir alimentos em larga escala? Ou precisamos de mais gente produzindo quantidades menores de alimentos?

Mas o que representa essa possibilidade? Ou: o que precisamos para que isso seja possível? Cada um plantar seu próprio alface? Como fazer isso, morando em cidades cheias de poluição, sem solo agriculturável?
E mais: sem que as pessoas sejam capazes de fazer isso por falta de habilidade e conhecimento.

Quem ainda tem uma máquina de costura em casa? Por que preferimos comprar roupas descartáveis, pagar mais caro por isso, se poderíamos fazer nossas próprias roupas em casa? Por que as pessoas se afastaram tanto da capacidade de produzirem sua própria autonomia, sua subsistência?
Ficamos perplexos com programas de TV a cabo que mostram um homem sobrevivendo às intempéries em uma floresta ou em uma montanha, mas mandamos o notebook para “formatar” o windows, sem sequer termos lido o manual para saber que bastaria apertar a tecla F10 após apertar o botão ON. E pagamos R$ 100,00 para alguém fazer uma coisa que demandaria apenas o premir de uma tecla!

Gostamos de gastar dinheiro.
Gostamos ainda mais de dizer que podemos gastar dinheiro e que aquele dinheiro dinheiro não nos vai fazer falta.

Mas para podermor fazer isso, precisamos ganhar mais.
E isso acontece com quase todo mundo: preferimos gastar R$ 30 mil em financiamentos e perdas na compra e venda de un veículo, ao invés de gastar apenas R$ 5 mil para consertar a central de injeção de um carro. Detalhe: muita gente faz isso e defende a reciclagem de seu lixo.
Se ela consertasse o carro, se o aproveitasse mais, poderia trabalhar menos e ganhar menos, e aprender a costurar ou a plantar legumes. Teria tempo para plantar esse legumes e educar melhor seus filhos.

Mas isso tem um ônus: andar de carro “velho”.

Você pode até pensar que não se encaixa nesse processo todo, mas está enganado.
Somos todos parte de um todo.
Enquanto continuar pensando no dinheiro como vem pensando há anos, de pouco adianta você mesmo não matar filhotes de focas, separar o lixo, ou defender a diversidade.

A grande fábrica da pobreza, do racismo, da agressão ao meio ambiente, está no fato de que bilhões de pessoas acham que precisam de mais dinheiro do que realmente precisam.

quinta-feira, 30 de abril de 2015

Leis foram feitas para serem respeitadas. Ainda mais quando fazem sentido



O trânsito brasileiro é o espelho de nossa cultura como nação. O governo aciona embaixadas para salvar da condenação criminosos condenados em outros países. A nossa Justiça se abre para todo e qualquer recurso, mesmo em casos já julgados e condenados na instância mais alta do próprio Judiciário. Quando uma pessoa abre a boca para criticar a flacidez de nossas leis, logo é criticada por uma legião de cidadãos que acham que tudo é rigoroso demais, que tudo é duro demais. Mas no trânsito não é assim. Não tem mais mais mais. Quando maus motoristas, acostumados ao tudo pode, tudo é permitido de nossa cultura como nação, se deparam com postes, com outros carros na contramão, com obstáculos “colocados” no meio do caminho e se esbarram numa lei que nem os brasileiros com toda a sua brasilidade negativa conseguem suplantar: a lei da física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. É uma lei dura, mas é lei. Daí morrem e se matam mais de 60 mil pessoas por ano, todos os anos, vítimas da nossa estupidez, da nossa falta de bom senso, nosso descaso com educação. Se soubéssemos respeitar leis, sofreríamos menos.

domingo, 12 de abril de 2015

terça-feira, 3 de março de 2015

Quando o lucro é ofensivo e quando o lucro envaidece

Vejam os ícones simétricos do iPhone e os assimétricos do Android. Acham que isso não conta?

Não é difícil o lucro ser ofensivo para quem é explorado. Mas é estranho quando o lucro ofensivo não ofende, mas, na verdade, envaidece.
Recentemente, um executivo da Motorola, e resposta a um executivo da Apple, disse que os preços praticados pela empresa da maçã são abusivos. O que ele quis dizer com isso? Simples: o executivo da Motorola sabe quanto custa PRODUZIR um smartphone e reconhece que os preços finais dos iPhones reservam talvez a maior margem de "gordura" do mercado.
Por esse motivo que a Apple apresentou a maior margem de lucro (em 2014) que qualquer outra empresa aberta tenha registrado na história da economia moderna.
Acredito que todos reconhecem que o mercado digital mudou o mundo de 2006 para cá. Foi o ano em que a Apple afirmou ter reinventado o smartphone. Reinventado, sim, pois esse produto já existia. Fazendo as mesmas coisas, talvez com menos beleza
Beleza seria a palavra chave do sucesso do iPhone. Ele não é apenas bonito fisicamente, mas o sistema operacional dele tinha um visual muito mais bonito e agradável que os concorrentes.
O Symbian era terrível, parecia ter sido feito por um estudante de design ainda atuando como estagiário. O Android levou anos para melhorar, e mesmo agora no Lollipop continua cometendo o mesmo erro de sempre (na minha opinião).
O Windows Phone é elegante, mas deveria ter opção para eliminar os movimentos de transição de tela, pois em determinado momento tornam-se cansativos.
Se eu pudesse fazer uma sugestão aos CEOs que mandam algo no Android, eu diria para que fizessem ícones simétricos. Como os quadradinhos do iPhone antes da mudança radical de layout mais recente. Vi muita gente reclamar de como ficou.
Beleza, no final das contas, no mercado de smartphone, conta muito, e não apenas do aparelho. Por essa beleza é que os usuários do iPhone pagam mais caro por hardwares que não valem o preço que cobram. É como comprar camisetas de malha, de Griffe, por preços de três ou quatro dígitos.