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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

Alerta sobre risco do Mossad contra Lula lembra ação do serviço secreto dos anos 1980

 Uma provável operação do serviço secreto israelense teria precedentes, como no caso Yellowcake, contra interesses brasileiros no Iraque


O assunto da semana é a crise diplomática entre Brasil e Israel provocada por uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no último domingo (18/2). O mandatário brasileiro comparou a guerra sionista contra o Hamas com o Holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial. Isso fez com que Israel taxasse Lula como persona non grata, e fez com que o jornalista Breno Altman, que lança o livro Contra o Sionismo, esta semana, na UNB, alertasse - em entrevista a um jornal - que Lula tomasse cuidado com o Mossad. Não seria a primeira vez que o serviço secreto de Israel deflagraria uma operação contra interesses brasileiros.


O livro que Altman lança na UnB, nesta semana, Contra o sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista, é um compilado de mais de 50 horas de participações de Altman em lives, mais análises e entrevistas, realizadas desde o início do ataque do Hamas contra Isarel, revidado de forma absurdamente desproporcional por Israel.

No livro, lançado pela Alameda Editorial, o jornalista explica os fundamentos do sionismo, da Questão Palestina e do Estado de Israel; aponta as diferenças entre judaísmo e sionismo (que a propaganda de guerra de Israel luta para transformar em sinônimos); demonstra como o sionismo se transformou em uma ideologia racista, colonial e teocrática; e coloca como o resultado de anos de conflito foi a construção de um regime de apartheid que oprime o povo palestino de diversas formas.


Nesta semana, em entrevista ao Correio Brasiliense, sobre o lançamento de seu livro, Breno Altman fez um alerta ao presidente brasileiro: "Se eu fosse o Lula, eu dobrava a segurança. Mas a declaração dele não comparou grandezas, comparou metodologias. Na comparação metodológica ele está correto, ou seja, é a metodologia de extermínio de um povo. O Holocausto teve uma escala industrial, mas a ideia de extermínio é similar. É isso o que deseja o governo Netanyahu, uma limpeza étnica".


A escalada da crise entre Brasil e Israel começou com a declaração de Lula, seguindo com o chanceler Israel Katz tornando o presidente brasileiro persona non grata no país e exigindo uma retratação. Lula não somente negou a possibilidade de se retratar como já anunciou interesse em expulsar o embaixador de Israel do país. 


Por mais que a crise venha crescendo dia a dia desde domingo, não dá para considerar que o Mossad, o famigerado serviço secreto israelense venha a executar um plano contra o presidente brasileiro. Mas há precedentes. Nos anos 1980, agentes secretos de Israel agiram contra o interesse de integrantes do governo brasileiro em seu plano de entregar material físsil para o Iraque. O esquema que ficou conhecido como o Caso Yellowcake, quando o Brasil chegou a enviar 27 toneladas de subproduto de urânio para Saddam Hussein produzir uma bomba nuclear.


Agentes do Mossad interferiram no plano brasileiro e a força aérea de Israel bombardeou a usina nuclear de Osirak, no Iraque, sepultando o projeto de Saddam. Esses fatos, que já foram vistos em romances de espionagem como “Fronteira”, e “Souvenir Iraquiano”, do escritor brasileiro Robinson Pereira, mostram como a determinação de Israel para enfrentar seus desafetos não tem fronteiras.


Outra publicação que mostra o Mossad cruzando o Atlântico para defender interesses sionistas, é Caçando Eichmann, de Neal Bascomb, que narra a história real de como Israel levou à Justiça um dos criadores e gerente da “solução final”, o sistema de extermínio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.


Sem dúvida, realidade e ficção se mesclam há décadas quando o assunto é o Mossad. Por isso, como disse Breno Altman, talvez Lula precise realmente revisar o seu esquema de segurança. Nunca se sabe….



Serviço:


Contra o sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista - por Breno Altman, editora Alameda


Fronteira - por Robinson Pereira, editora Nova Letra


Souvenir Iraquiano - por Robinson Pereira, editora Nova Letra


Caçando Eichmann - por Neal Bascomb, editora Objetiva


Fonte: SGC.COM.BR