Seria muito fácil criar tramas que não fossem plausíveis, conectando um personagem brasileiro - um agente da Abin, por exemplo - envolvido em conspirações internacionais ao melhor estilo James Bond.
Mas não teria a menor credibilidade, não é verdade? E credibilidade é uma das condições mais importantes para o romance de espionagem. Afinal de contas, o gênero não combina nem um pouco com realismo fantástico e outros devaneios.
Tudo em um romance de espionagem deve ser sustentado não apenas pela lógica, mas pela História, Geografia, Geopolítica, etc. Mas não é por isso que o gênero não pode ser explorado no Brasil.
Souvenir Iraquiano é uma prova disso. Quem lê o livro percebe como ele - apesar de ser uma obra de ficção - se apóia completamente na realidade, em fatos históricos, na política, na geografia, etc.
O mesmo acontece com A Fronteira. O romance se passa na Somália, entre 1980 e 1981, quando agentes do SNI estiveram lá para uma operação clandestina. Para quem é muito novo ou não se recorda, SNI é Serviço Nacional de Informação, a CIA brasileira nos anos 70, na época da ditadura militar.
A operação era simples: prospectar urânio para oferecer ao programa nuclear de Saddam Hussein (Iraque).
Sim, nosso governo na época era parceiro de Saddam Hussein não apenas no campo nuclear (quem sabe foi para isso que o Brasil comprou Angra I dos alemães?). E essa operação era um dos segredos que o jornalista Alexander Von Baumgarten queria ter revelado em um livro.
Acontece que ele foi assassinado antes disso...
Assim como acontece com A Fronteira, estou hoje trabalhando em quatro histórias que deverão começar a pipocar em breve. Uma delas se passa durante e depois da Guerra das Malvinas; outra se passa em 1982, quando o SNI realizou uma operação clandestina no Suriname em favor da CIA; outra envolve uma manobra conjunta das marinhas brasileira, argentina e norte-americana, com um resultado inesperado e um acidente ecológico; e a última une um terrível acidente ocorrido recentemente no Brasil à política norte-americana de combate ao terrorismo internacional.
Ainda não sei como isso tudo vai rolar. Talvez se transformem em romances independentes. Talvez virem um livro de histórias curtas de espionagem.
Tudo depende do tempo.
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