Souvenir Iraquiano ganhou uma nova resenha on-line. O texto foi publicado no blog "Estrambote Melancólico". Concordo plenamente com o texto, que afirma que "É certo que para uma boa compreensão do livro é necessário descrever as razões que levaram os personagens a tal medida, mas o autor fica insistindo tanto que deixa o livro tedioso. Se o leitor não persiste na esperança que o livro fique melhor ao se desenvolver, simplesmente desiste".
Concordo mesmo, e isso aparece em minha dissertação de mestrado, quando trato do romance de espionagem no Brasil. E não analisei o meu livro. Percebo que há uma certa necessidade de garantir que o leitor aceite algo que é muito fácil de acatar no romance traduzido, de origem anglo-saxônica.
Acredito que, com o passar do tempo, com a ampliação do imaginário nacional no gênero, ficará mais fácil.
Abaixo, o texto do blog Estrambote Melancólico:
Entre as areias do deserto iraquiano
Lançado na metade de 2005 pela Editora Cultura em Movimento, de Blumenau, o livro escrito pelo jornalista carioca Robinson dos Santos trás uma nova opção para a literatura brasileira. Souvenir Iraquiano é uma trama que se dá em volta de uma narrativa de espionagem, na qual um norte-americano, um grupo de brasileiros e um iraquiano descobrem ao mesmo tempo uma maneira fácil de ganhar dinheiro: saquear um sítio arqueológico milenar do Iraque. Qual o problema nisso? A Guerra do Golfo está prestes a começar.
Para uma boa interpretação de Souvenir Iraquiano, o leitor deve saber se localizar no tempo, pois o livro todo é estruturado em momentos históricos – ora na década de 80, com a inflação brasileira e as dificuldades financeiras da classe média, ora na década de 90 com os preliminares da Guerra do Golfo. Sem nenhum conhecimento, o livro não tem sentido algum. Apesar de essa não ser a única razão para deixá-lo desta forma, pois apesar da ideia do autor ser deveras nova, ele deixa a desejar no quesito descrição. Até a metade do livro é quase insuportável ler cada capítulo e conseguir imaginar o que o autor desejava passar. Os três primeiros capítulos poderiam ser resumidos em um único parágrafo! É certo que para uma boa compreensão do livro é necessário descrever as razões que levaram os personagens a tal medida, mas o autor fica insistindo tanto que deixa o livro tedioso. Se o leitor não persiste na esperança que o livro fique melhor ao se desenvolver, simplesmente desiste.
São nos últimos instantes – a partir do capítulo 5 - que o leitor começa a interessar-se sinceramente. É quando ele passa a ser um verdadeiro livro de espionagem – aquele que deixa o leitor roendo as unhas e apressando os olhos para chegar logo ao final. E, quando chega, uma grande decepção. Uma gracinha com um pequeno detalhe perdido entre as 239 páginas do livro e uma lacuna deixada para o próprio leitor completar. Apesar de ter dado certo em Dom Casmurro, não significa que todo livro deve dar tanta liberdade de interpretação. Muitas vezes não funciona. Em Souvenir Iraquiano não é diferente. Não é um dos piores finais da literatura brasileira, mas também não é dos melhores. Fica a impressão de que o autor perdeu toda aquela imaginação que o levara a escrever um livro tratando de um assunto tão inovador.
Mesmo levando-se todos os contras em consideração, é uma boa leitura para o final de semana. Ao decorrer do livro o leitor começa a anotar mentalmente de procurar um pouco mais sobre a cultura do Iraque, Irã e da Turquia – lugares visitados pelos personagens e que ganham ótimas descrições. O que é ótimo, pois não é a necessidade de informar o leitor que impulsiona os autores a continuar escrevendo? Sendo assim, o livro cumpre a sua função. Não se deve ler e esperar por um clássico, mas uma boa forma de conhecer um pouco mais sobre a cultura oriental. Assim sendo, o lazer está garantido.
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