Antes dos jogos da Copa do Mundo do Brasil começarem, eu já tinha
a sensação de que iríamos fracassar.
O problema nunca foi time. Temos jogadores fantásticos. O nosso
problema é que não temos equipe, e isso não deveria ser novidade para ninguém.
Perdemos para uma equipe de verdade, mas passamos apertos para
equipes com jogadores até mais fracos que os nossos. Chegamos longe nesta Copa.
Mais longe do que merecíamos.
O resultado do jogo de ontem foi um reflexo, no campo, de nossa
sociedade.
A Seleção Brasileira, de fato, é um microcosmo de nossa sociedade.
Ontem, no dia do jogo, três fatos me fizeram pensar sobre isso.
O primeiro foi no trânsito.
Fiz uma curva e dei de cara com um carro na contramão. O motorista
estava acabando de sair do estacionamento e ao invés de dar a volta na quadra,
preferiu pegar a contramão... numa curva.
O segundo foi num estacionamento.
Um motorista na contramão teimava que eu - que estava não correta
- deveria dar a ré para ele passar. Simplesmente porque ele não queria dar a
volta completa no estacionamento. Obviamente não arredei pé e o motorista teve
que fazer o certo - contra a vontade.
O terceiro fato foi mais vergonhoso. Ocorreu num supermercado.
Estava na fila do caixa. Na minha frente, uma senhora bem vestida,
com um carrinho cheio de compras. Ela tomou um iogurte e comeu um chocolate e
escondeu as embalagens em outro carrinho de compras vazio. Chegou a pegar uma
revista numa gôndola para cobrir os vestígios da malandragem.
O meu erro foi não denunciar. Já estava cansado de lidar com gente
individualista que só pensa em si própria.
Na contabilidade de uma loja como um supermercado já existe um
percentual de perdas para roubos como aquele que eu presenciei. Esse percentual
encarece os produtos na loja... para todos! Para quem rouba e para quem não
rouba.
Essa é a nossa sociedade, individualista, sempre à cata de
vantagens, de atalhos, de caminhos mais curtos. Sempre se negando a fazer o que
deve ser feito para atingir os fins de forma correta.
Essa foi a nossa seleção, que ao
se ver sendo derrotada, ao invés de se estabilizar e jogar em equipe,
começou a tentar cavar faltas e pênaltis, deslealmente.
Nossos jogadores são tão bons quanto os da Alemanha, da Argentina
ou da Holanda. O problema é da falta da equipe, da falta de treinamento sério.
E isso tudo não é uma questão apenas de futebol, mas sim de como o
brasileiro encara a vida, as dificuldades, a vida em sociedade.
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