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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Na sorte

O primeiro ataque argentino a deixar a Inglaterra realmente preocupada ocorreu contra o destróier HMS Sheffield. Acontece que os próprios argentinos não acreditavam que os seus mísseis Exocet acertariam realmente algum alvo. A explicação se baseia na política francesa de negar que as empresas sob a bandeira da França apoiassem o país que estava agredindo a sua aliada. Os argentinos haviam comprado alguns mísseis exocet mas não contavam com a assessoria técnica para adaptar a arma aos seus vetores de lançamento (os seus aviões).
Quando dois caças foram efetuar o ataque, pouco confiavam no resultado da missão. Um míssil errou o alvo, mas outro atingiu o destróier que, anos depois o mundo ficou sabendo, transportava cargas nucleares de profundidade (armas para serem usadas contra submarinos).

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Evasão de divisas

O aumento do valor pago à energia elétrica gerada pelo "lado" paraguaio da usina de Itaipu pode ser considerado uma evasão de divisas?
Vejamos: o Paraguai fez alguma alteração na usina que incrementasse (agregasse) valor à energia "gerada em seu lado"?
O Paraguai já pagou os US$ 12 bilhões que devia ao Brasil pela construção de "seu lado" da usina? Não. Inclusive, o Brasil quer perdoar a dívida.
Realmente, não consigo entender.
A não ser que imaginemos que parte do dinheiro pago a mais, todo ano, vá parar como comissão em uma conta numerada nas Caimãs, de alguém que esteja concedendo tantas benesses ao governo paraguaio...

terça-feira, 28 de julho de 2009

As Malvinas/Falklands









O meu próximo livro terá a Guerra das Malvinas como pano de fundo. Foi um conflito interessante, que acompanhei no que considero o início de minha adolescência.

Na época, apesar de imaginar que a única motivação real da guerra fosse uma tentativa de revitalizar a ditadura argentina, torci pelos hermanos. Acredito que muitos brasileiros tenham torcido por uma vitória do mais fraco, como uma espécie de afirmação da força latino-americana. Mas, no final das contas, todo mundo achou que os comandantes argentinos haviam sido loucos por entrar numa aventura da qual não poderiam sair vitoriosos.

Há, no entanto, como pensar de uma outra forma. Em primeiro lugar, os argentinos teriam julgado que os britânicos não iriam investir tempo e dinheiro para retomar aquele torrão de terra? Seria um engano. Era ano de eleições e um povo que havia sido o rei dos mares, cheio de colônias por todo o mundo, há tão pouco tempo, não perdoaria um governo que se deixasse submeter daquele jeito.

Considerando que os argentinos haviam ajudado os EUA em recentes operações clandestinas ao redor do mundo – vide a Emenda Bolland – eles acreditaram ter um aliado forte com um rabo preso. Comum rabo tão preso que iria considerar a agressão argentina aos britânicos como uma ameaça que não se enquadraria aos termos do acordo de OTAN – pelo simples fato de não ser oriunda do Pacto de Varsóvia.

Satélites

Que tipo de vantagens teria a Argentina caso os EUA desse a ela uma ajuda no mínimo como a que foi dada para os afegãos expulsassem os soviéticos de seu território?

Provavelmente teriam recebido armas através de uma operação de fornecimento triangular, com outra nação entregando os pacotes.

Teriam recebido dados precisos de satélites sobre as posições exatas das embarcações do Royal Navy. Quem divida que isso matasse algo na guerra?

Neutralidade

Além de não contar com a ajuda de seu parceiro de black operations, os argentinos viram-se traídos pelos mesmos, que forneceram ajuda tecnológica aos britânicos.

Além do mais, a neutralidade alegada em alguns países de fato não aconteceu. O governo do Chile colaborou com operações de incursão de forças especiais em território argentino pelo oeste-sul, proporcionando um duro golpe à força aérea da Argentina.

Sendo assim, ficaria realmente muito difícil para a Argentina ter um desfecho diferente para o conflito.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Quase concluída


Outra coisa que está quase concluída é a minha pesquisa para meu próximo romance, que tem nome provisório de "Neutralidade". O romance se passará em três tempos diferentes, um deles em 1982, outro em 1997 e outro em 1999. Em 1982, os eventos acontecerão em paralelo com os combates na Guerra das Malvinas. As pesquisas incluem algumas entrevistas com profissionais de guerra submarina, aqui no Brasil e na Argentina.
Quem curte romance de espionagem sabe que essas pesquisas são fundamentais para estabelecer o máximo de veracidade à trama. É essa a intenção. Espero que seja possível.

Roteiro quase pronto


Bráulio Mantovani está quase terminando o roteiro de Agent in Place, que deverá ser um thriller de espionagem baseado em um game. Ele acabou de me dizer por e-mail que o trabalho está quase concluído. José Padilha está acompanhando de perto a produção do roteiro. Estamos todos ansiosos aqui.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Atos secretos

É engraçado. Quando a gente pensa em atos secretos do senado, logo vem à mente alguma coisa relacionado à espionagem, ações secretas do governo. Não é verdade? Não mais.
A nossa classe política contribuiu para cercear (talvez mais uma vez) o nosso imaginário coletivo.
Não há nada de literariamente interessante nos chamados atos secretos de nosso senado. São pura vagabundagem, sem-vergonhice. Usar ferramentas que deveriam ser usadas em função da segurança nacional para garantir aumentos de salários e fazer contratações de parentes.
Lixo.
Puro lixo.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Para comprar um exemplar do Souvenir Iraquiano

Basta enviar em email para mim.
O exemplar custa R$ 25,00, sem custo de frete para qualquer canto do Brasil, em remessa normal.
O email é souveniriraquiano@gmail.com

Adaptação

O roteirista Bráulio Mantovani vai adaptar o jogo Agent in Place, criado por Flint Dille para a Union Entertainment, para a telona. A notícia foi divulgada há uns 15 dias. Não comentei antes porque estava enroladíssimo, como expliquei no post anterior. Já o filme, será dirigido por José Padilha, que dirigiu Tropa de Elite.
A dobradinha é muito boa e deve render bem no filme. Padilha está trabalhando na produção do filme The Sigma Protocol, que é baseado num livro de Robert Ludlum.
Ludlum teve sua trilogia Bourne (Identidade Bourne, Supremacia Bourne e Ultimato Bourne) adaptado para o cinema e fez muito sucesso. Todo mundo sabe disso.
O aspecto interessante dessas adaptações é que elas podem fugir muito do original, como aconteceu com Bourne. Os livros foram escritos na década de 80 do século passado e não falavam de praticamente nada do que fala o filme.
Nos filmes, Bourne é uma espécie de agente programado para ser um assassino que não questione as ordens que recebe. Uma ferramenta ideal para a política externa norte-americana pós 11 de setembro. Ele - e os outros assassinos programados - cumpririam missões de matar terroristas e pessoas ligadas a ações terroristas, sem que houvesse julgamentos. Os americanos já fizeram isso dentro de seu próprio território no final do século XIX, com os Texas Rangers caçando criminosos e julgando-os "in loco" no velho oeste.
Nos livros, Bourne é um agente que tem como missão caçar e prender o terrorista Carlos (O Chacal). Ele fica disfarçado por anos como um assassino profissional fazendo frente às ações de Carlos, para forçá-lo a "sair de sua toca". No final das contas, existem poucos pontos de contato entre o livro e os filmes.
Agent in Place ainda é inédito e realmente não tenho a menor idéia da trama. O negócio é torcer pelo trabalho de Mantovani e Padilha.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Back in business

Estava super enrolado por essas últimas semanas e colocar algo aqui ficou mais do que difícil. Agora vamos voltar à carga. Mas não agora.

domingo, 7 de junho de 2009

Instituto de Cultura Árabe


Certa vez em que estive em São Paulo, em 2007, encontrei com o jornalista Arturo Hartmann. Tivemos uma conversa muito legal. Ele escreveu, para o Instituto de Cultura Árabe (Icarabe) umartigo sobre o Souvenir Iraquiano. Para conferir, vale uma clicadinha no link abaixo:



sábado, 6 de junho de 2009

Souvenir Iraquiano no Terra Magazine

Muito legal a resenha que foi publicada no Terra Magazine.
Ela foi redigida por Khalid B. M. Tailche, pós-graduado em Letras pela Universidade de São Paulo.
Tailche é iraquiano e fez comentários muito importantes sobre o livro.
Vale a pena uma boa conferida.



quarta-feira, 3 de junho de 2009

Por falar nisso


Uma coisa que eu nunca vou conseguir entender é a forma como a mídia trata a proliferação de armas nucleares. A capa da Veja desta semana é uma pérola. Alerta para o fato da Coreia do Norte ter agora armas nucleares e o "desejo de usá-las".

Ora, eu acho que um país que já usou armas nucleares e que mantém um arsenal gigantesco merece mais reprimendas do que um país que acaba de fazer armas nucleares. Parece que todo mundo já esqueceu que os EUA são o único país do mundo que já usou armas nucleares contra um outro país. Pior: não usou contra tropas e navios ou tanques. Usou contra populações civis.

Logo, eu não vejo motivos para pressionar tanto pequenos países que conseguem fazer uma bomba atômica e fazer vistas grossas àqueles que já provaram serem capazes de matar indiscriminadamente.

Outro detalhe interessante sobre esse assunto é que os EUA estão sempre apontando seu dedo inquisitor contra países que fazem testes nucleares e não admitem que continuam fazendo testes nucleares também. A diferença é que há um bom tempo os EUA são capazes de realizar testes nucleares em supercomputadores. Por isso não precisam mais fazer testes subterrâneos ou no oceano. Eles continuam, em modelos computacionais, garantindo a qualidade e a funcionalidade das bombas que continuam produzindo. Porque é exatamente para isso que os testes servem...

Diamantes de sangue

O conto A Jardineira mostra o caminho percorrido por uma grande pedra de diamante encontrada em Rondônia, passando por Minas Gerais, onde seria misturada com outras pedras encontradas no Brasil e outras, encontradas na África. Este caminho é percorrido normalmente para poder legalizar, no mesmo pacote, as pedras ilegais coletadas nas duas regiões do mundo.

Em seguida, o diamante gigante realiza seu papel em uma negociação escusa entre um ditador africano, vendedores de armas e espiões, concretizando sua vocação para ser um legítimo diamante de sangue.

A valiosíssima pedra é utilizada para uma barganha muito especial: a compra de uma BLU-72.

A bomba tem um destino especial. Afinal de contas, sua carga descomunal de explosivos faz com que ela seja uma das armas não-nucleares mais poderosas de que se tem notícia.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Da bomb


A bomba da foto ao lado é uma BLU-82, conhecida como DaiseCutter, ou cortadora de margaridas. É uma das bombas não-atômicas mais potentes que existem. Foi muito usada no Vietnã para abrir clareiras e, obviamente, tentar devastar os inimigos. Foi também utilizada na Guerra do Golfo, em 1991, e no Afeganistão, no combate ao Talibã.
Essa bomba é um dos "personagens principais" do conto A Jardineira.

Conto A Jardineira


Pessoal, esse conto fala sobre tráfico de diamantes. Para quem não sabe, em Rondônia fica a maior reserva de diamantes do mundo. Localizado na reserva indígena de Roosevelt, perto da cidade de Cacoal, o kimberlito de diamantes de lá é maior que o de Botsuana e da África do Sul... juntos.

O link para download do PDF com o conto é:

http://www.4shared.com/file/109493006/3b51db3c/Jardineira_conto_Robinson_Pereira.html


Boa leitura

Conto O Doutor

Aqui está o conto O Doutor, de espionagem, que foi publicado na revista Playboy, edição de agosto de 2006. As páginas foram escaneadas e transformadas em jpg e estão dentro de um arquivo de Word. Boa leitura...

http://www.4shared.com/file/109482723/f99e1561/conto_o_doutor_playboy_agosto_2006.html



Download do romance A fronteira


Pois bem, acabo de entrar para o mundo da geração de links de downloads de arquivos.
Este é o link para download do romance de espionagem A Fronteira. O livro começou a ser escrito em 2003 e finalizado em 2007. Houve um grande intervalo durante o qual não trabalhei no livro, mas aqui está ele.


A trama é baseada em fatos verídicos que encontrei relatados no livro "Rede de Intrigas", do jornalista brasileiro Nelson Lopes, em um trecho que fala de uma operação do SNI no Chifre da África, em meados de 1980.

Boa leitura

domingo, 31 de maio de 2009

Download de PDFs

O domingo foi um dia marcado por uma busca feroz por meios de disponibilizar o download do romance A Fronteira aqui no blog. Ainda não descobri como se faz.

Mas vou descobrir.

Quem tiver curiosidade, basta voltar aqui mais tarde para conferir se eu consegui.

Quem souber como se faz, pode dar uma dica...

Novas idéias

Eu tenho o hábito de sempre pesquisar novas idéias para romances de espionagem. O principal critério é que a trama permita uma conexão direta com a realidade ou com personagens brasileiros.

Seria muito fácil criar tramas que não fossem plausíveis, conectando um personagem brasileiro - um agente da Abin, por exemplo - envolvido em conspirações internacionais ao melhor estilo James Bond.

Mas não teria a menor credibilidade, não é verdade? E credibilidade é uma das condições mais importantes para o romance de espionagem. Afinal de contas, o gênero não combina nem um pouco com realismo fantástico e outros devaneios.

Tudo em um romance de espionagem deve ser sustentado não apenas pela lógica, mas pela História, Geografia, Geopolítica, etc. Mas não é por isso que o gênero não pode ser explorado no Brasil.

Souvenir Iraquiano é uma prova disso. Quem lê o livro percebe como ele - apesar de ser uma obra de ficção - se apóia completamente na realidade, em fatos históricos, na política, na geografia, etc.

O mesmo acontece com A Fronteira. O romance se passa na Somália, entre 1980 e 1981, quando agentes do SNI estiveram lá para uma operação clandestina. Para quem é muito novo ou não se recorda, SNI é Serviço Nacional de Informação, a CIA brasileira nos anos 70, na época da ditadura militar.

A operação era simples: prospectar urânio para oferecer ao programa nuclear de Saddam Hussein (Iraque).

Sim, nosso governo na época era parceiro de Saddam Hussein não apenas no campo nuclear (quem sabe foi para isso que o Brasil comprou Angra I dos alemães?). E essa operação era um dos segredos que o jornalista Alexander Von Baumgarten queria ter revelado em um livro.

Acontece que ele foi assassinado antes disso...

Assim como acontece com A Fronteira, estou hoje trabalhando em quatro histórias que deverão começar a pipocar em breve. Uma delas se passa durante e depois da Guerra das Malvinas; outra se passa em 1982, quando o SNI realizou uma operação clandestina no Suriname em favor da CIA; outra envolve uma manobra conjunta das marinhas brasileira, argentina e norte-americana, com um resultado inesperado e um acidente ecológico; e a última une um terrível acidente ocorrido recentemente no Brasil à política norte-americana de combate ao terrorismo internacional.

Ainda não sei como isso tudo vai rolar. Talvez se transformem em romances independentes. Talvez virem um livro de histórias curtas de espionagem.

Tudo depende do tempo.

E se alguém quiser comprar um exemplar do Souvenir Iraquiano?


Essa é fácil. Basta enviar em email para mim.
O exemplar custa R$ 25,00, sem custo de frete para qualquer canto do Brasil, em remessa normal.
O email é souveniriraquiano@gmail.com

As coisas estão indo


Pois bem, acho que já aprendi a fazer algumas coisas aqui.
O próximo passo é colocar um link para download de arquivo.
A idéia é disponibilizar o download de três trabalhos:

Diário de Um Intelectual à Deriva - romance beat publicado por mim em 1995, pela editora Letra Viva, de Blumenau.

O Doutor - conto de espionagem publicado na revista Playboy de agosto de 2006. Para reavivar a memória, foi a edição de aniversário, com a Flávia Alessandra na capa. O download permitirá a lelitura das páginas da revista, escaneadas. As páginas do conto, é claro.

A Fronteira - meu mais recente romance de espionagem. O download será integral, em PDF. A idéia é permitir a leitura do livro para as pessoas que já leram Souvenir Iraquiano, que ficaram curiosas com o novo livro e sua trama, e que não conseguem esperar o lançamento da versão impressa. É claro que nada impede, no caso da pessoa ler e gostar, a compra futura do livro. Certo?

Agora só preciso de um pouco mais de tempo para aprender como coloco os arquivos para download...

Souvenir no Blog do Jerri Dias

O jornalista, escritor e cineasta Jerri Dias deu uma conferida no livro Souvenir Iraquiano e fez uma resenha muito interessante.

Ao invés de publicar aqui, vou indicar o link, para quem quiser ir olhar lá a resenha dele, no blog dele, escrito com a letra dele. Hehehhe


Espero que gostem de como ele gostou do livro. : P

Souvenir no site da CartaCapital

Uma resenha mais ampla foi publicada no website da CartaCapital. O autor é o excelente Antônio Luiz. Ele é meticuloso, atento, com uma bagagem histórica e cultural do tamanho de um bonde.

O resenhista teve contato também com o meu novo romance, ainda não publicado em via impressa, e fez comentário no final da resenha. Pode conferir:

Espionagem à brasileira


Antonio Luiz M. C. Costa

Os brasileiros apreciam romances de espionagem internacional, como mostram as vendas de autores como Robert Ludlum e John Le Carré. Mas aparentemente não gostam de escrevê-los, ou pelo menos raramente se atrevem a fazê-lo. Talvez nossos Ian Flemings em potencial ainda pensem que tais tramas estão muito distantes da realidade do País – o que já seria ingenuidade nos tempos do Imperador e o é muito mais nos dias de hoje, quando o Brasil, assim como outros grandes países periféricos, desempenha um papel cada vez mais importante na economia e geopolítica globais.

O jornalista e publicitário Robinson dos Santos, atualmente editor do Diário da Amazônia, foi um dos poucos a aceitar o desafio e saiu-se razoavelmente bem. Seu primeiro livro no gênero, Souvenir Iraquiano, edição de mil exemplares de 2005 (Cultura em Movimento, 240 págs.) patrocinada pela Fundação Cultural de Blumenau que até hoje não conseguiu uma distribuição que lhe permita chegar às livrarias, tem uma linguagem ágil e adequada ao tema e mostra muita habilidade em envolver o leitor. Seus personagens são verossímeis e atraentes, convencem como seres humanos e é fácil simpatizar com eles, apesar de todas as suas fraquezas morais.

A trama parte de ex-militares brasileiros que, aflitos por dinheiro por diferentes motivos, se envolveram em ações criminosas e se endividaram com um impiedoso chefe de quadrilha. Ocorre a um deles, que trabalhou no Iraque na época em que a ditadura militar brasileira exportava armas e tecnologia a Saddam Hussein, roubar e contrabandear peças arqueológicas mesopotâmicas que ele vira nas escavações para a construção da usina nuclear de Osirak.

Seus caminhos cruzam-se, porém, com os de um honrado militar iraquiano que decidiu desertar e com os de um espião dos EUA que, ao participar da preparação da primeira guerra do Golfo, de 1991, não vê por que não aproveitar a oportunidade para enriquecer. E nada acontece como foi planejado, para nenhuma das partes...

A trama é muito inteligente e cativante. No mínimo, é uma excelente distração que mereceria ser transformada em filme. O diabo são os detalhes. O uso da língua é, no geral, bastante satisfatório, mas vê-se vários pequenos erros, principalmente quanto a nomes e termos estrangeiros, dos quais uma boa revisão poderia ter-nos poupado.

Além disso, a pesquisa do autor deixou a desejar quanto a alguns pormenores. Não é nada que comprometa seriamente a trama, mas ainda assim são erros irritantes para quem conhece o tema. Para citar dois exemplos, o livro confunde satélites geossíncronos ou geoestacionários (que permanecem fixos sobre determinado ponto do Equador, a 36 mil km de altitude) com satélites espiões de órbita baixa (que passam por todo o planeta a altitudes de 150 km ou menos) e descreve soldados e policiais iraquianos, obviamente árabes, a falar farsi – a língua do então inimigo Irã – no deserto e nas ruas de Bagdá.

Desculpadas minúcias como estas – que valeria a pena revisar em uma eventual e bem merecida segunda edição – o livro é um bom entretenimento. Convém acrescentar que o autor está preparando outro livro, cujo título provisório é A Fronteira, cujo rascunho tive oportunidade de ler. Trata-se, neste caso, de brasileiros que participam uma operação patrocinada pela ditadura militar para prospectar e minerar urânio da Somália para Saddam Hussein, cujos interesses entram em choque com o Mossad, os EUA, as guerrilhas locais e missionários que tentam proteger seus órfãos da guerra. Tem tudo para igualar ou superar o primeiro livro, tanto em verossimilhança quanto em interesse humano.

Na revista VIP

Depois de um tempo, a revista VIP publicou uma nota sobre o livro. Confira abaixo:

O Chefe Gostou (VIP – Agosto de 2007)

Souvenir Iraquiano – Robinson dos Santos – Cultura em Movimento – 240 págs,

Recebi o livro do próprio autor, o jornalista Robinson dos Santos. Ficou na estante. Lia um antes, outro depois. Até que peguei para dar uma olhada. Não parei até terminar. A sensação é que Robinson quis um livro-reportagem, para o qual não teve fôlego, e usou o que já havia apurado para fazer o romance. O mais legal do trabalho nem é a trama. O grande mérito é arriscar-se pelo mundo do romance de espionagem, terreno quase sempre evitado por outros ficcionistas nacionais.

Revista Playboy

Em termos de mídia nacional, a primeira aparição de Souvenir Iraquiano foi na revista Playboy. A nota foi esta:

Thriller de fôlego (Playboy – Junho de 2006)

Espionagem, militares, contrabando, tecnologia nuclear. Material explosivo que o jornalista Robinson dos Santos manipula em um romance que coloca brasileiros numa missão impossível ambientada no Iraque pré-invasão americana em 91. Ainda que soe rocambolesco, o resultado é um thriller cujo fôlego resiste até a última página. A trama é baseada em séries de fatos históricos e é resultado de cinco anos de pesquisas, nas quais o autor investigou o envolvimento do Brasil no programa nuclear iraquiano.

Comentários sobre Souvenir Iraquiano

Quando um livro nasce, quase ninguém sabe dele. E essa condição pode se prolongar por um bom tempo. Aos poucos, algumas pessoas vão lendo, se interessando pelo livro e pelo autor, opiniões vão surgindo... Isso leva tempo.

Souvenir Iraquiano foi lançado em junho de 2005. De lá para cá, algumas coisas foram ditas sobre o livro. Vou postar aqui o que já foi falado/escrito sobre o livro na mídia.

Souvenir Iraquiano - Resenha

Antonio Luiz14/03/2010

Espionagem à brasileira
Os brasileiros apreciam romances de espionagem internacional, como mostram as vendas de autores como Robert Ludlum e John Le Carré. Mas aparentemente não gostam de escrevê-los, ou pelo menos raramente se atrevem a fazê-lo. Talvez nossos Ian Flemings em potencial ainda pensem que tais tramas estão muito distantes da realidade do País – o que já seria ingenuidade nos tempos do Imperador e o é muito mais nos dias de hoje, quando o Brasil, assim como outros grandes países periféricos, desempenha um papel cada vez mais importante na economia e geopolítica globais. 

O jornalista e publicitário Robinson dos Santos, atualmente editor do Diário da Amazônia, foi um dos poucos a aceitar o desafio e saiu-se razoavelmente bem. Seu primeiro livro no gênero, "Souvenir Iraquiano", edição de mil exemplares de 2005 (Cultura em Movimento, 240 págs.) patrocinada pela Fundação Cultural de Blumenau que até hoje não conseguiu uma distribuição que lhe permita chegar às livrarias, tem uma linguagem ágil e adequada ao tema e mostra muita habilidade em envolver o leitor. Seus personagens são verossímeis e atraentes, convencem como seres humanos e é fácil simpatizar com eles, apesar de todas as suas fraquezas morais. 

A trama parte de ex-militares brasileiros que, aflitos por dinheiro por diferentes motivos, se envolveram em ações criminosas e se endividaram com um impiedoso chefe de quadrilha. Ocorre a um deles, que trabalhou no Iraque na época em que a ditadura militar brasileira exportava armas e tecnologia a Saddam Hussein, roubar e contrabandear peças arqueológicas mesopotâmicas que ele vira nas escavações para a construção da usina nuclear de Osirak. 

Seus caminhos cruzam-se, porém, com os de um honrado militar iraquiano que decidiu desertar e com os de um espião dos EUA que, ao participar da preparação da primeira guerra do Golfo, de 1991, não vê por que não aproveitar a oportunidade para enriquecer. E nada acontece como foi planejado, para nenhuma das partes... 

A trama é muito inteligente e cativante. No mínimo, é uma excelente distração que mereceria ser transformada em filme. O diabo são os detalhes. O uso da língua é, no geral, bastante satisfatório, mas vê-se vários pequenos erros, principalmente quanto a nomes e termos estrangeiros, dos quais uma boa revisão poderia ter-nos poupado. 

Além disso, a pesquisa do autor deixou a desejar quanto a alguns pormenores. Não é nada que comprometa seriamente a trama, mas ainda assim são erros irritantes para quem conhece o tema. Para citar dois exemplos, o livro confunde satélites geossíncronos ou geoestacionários (que permanecem fixos sobre determinado ponto do Equador, a 36 mil km de altitude) com satélites espiões de órbita baixa (que passam por todo o planeta a altitudes de 150 km ou menos) e descreve soldados e policiais iraquianos, obviamente árabes, a falar farsi – a língua do então inimigo Irã – no deserto e nas ruas de Bagdá. 

Desculpadas minúcias como estas – que valeria a pena revisar em uma eventual e bem merecida segunda edição – o livro é um bom entretenimento. Convém acrescentar que o autor está preparando outro livro, cujo título provisório é "A Fronteira", cujo rascunho tive oportunidade de ler. Trata-se, neste caso, de brasileiros que participam uma operação patrocinada pela ditadura militar para prospectar e minerar urânio da Somália para Saddam Hussein, cujos interesses entram em choque com o Mossad, os EUA, as guerrilhas locais e missionários que tentam proteger seus órfãos da guerra. Tem tudo para igualar ou superar o primeiro livro, tanto em verossimilhança quanto em interesse humano.