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terça-feira, 16 de agosto de 2011

OTAN X Líbia - parte 1

De guerras e manifestações

Uma breve conversa com uma jovem tunisiana que despreocupadamente deixava a região em conflito coloca (mais) perguntas no ar

Molka Mahjoubi, com apenas 22 anos, está já com seu mestrado em economia em andamento. Ela entrou na escola aos 5 anos e sempre foi a mais nova da turma. Ontem, dia 15, ela estava aguardava o embarque para São Paulo no aeroporto Charles De Gaulle, onde eu aguardava, junto com mais oito brasileiros, o avião para seguir ao país de Molka, a Tunísia. Ela sorriu, despreocupadamente e comentou: “Você não é da Tunísia? Mas parece que nasceu lá. Passa por um de nós”.

A primeira coisa que tivemos vontade de perguntar à Molka, depois de saber que ela era tunisiana, foi sobre o que ela estava achando dos eventos em seu país. Horas antes, havíamos conversado via Skype com nosso contato líbio em Túnis sobre a nossa rápida passagem no país rumo a Trípoli. A informação era de que teríamos que passar a noite lá, pois havia conflitos sérios na região da fronteira entre os dois países. Molka não pareceu muito assustada com a situação, ela que havia acabado de deixar a Tunísia rumo ao Brasil. “As manifestações são pacíficas”, afirmou, franzindo as sobrancelhas em uma reação internacionalmente conhecida, como quem diz “as pessoas estão exagerando”.
Exagero ou não, a nossa delegação embarcou no vôo para Tunis com a certeza de que passaríamos a noite no país onde foi filmado o primeiro filme da saga Guerra nas Estrelas. O deputado Protógenes Queiroz, dentre nós o mais acostumado com adrenalina, em função de sua recente carreira na Polícia Federal, foi taxativo ao afirmar que seria loucura viajar de carro, mesmo que em um comboio reforçado, à noite, numa fronteira entre duas nações vivendo conflitos separados. “A Tunísia está vivendo um momento tranquilo, apenas com as manifestações, mas a Líbia representa perigo”, afirmou a jovem tunisiana, mestranda em Economia.

Anacrônica

Diferentemente do que vem acontecendo em sua terra natal, a Líbia vem sendo alvo de um bombardeio promovido pela OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma anacrônica aliança militar criada para enfrentar o Pacto de Varsóvia (os países da Cortina de Ferro, liderados pela extinta União Soviética) e hoje funcionando mais como uma “Legião Estrangeira” dos Estados Unidos.
Essa Legião Estrangeira, por coincidência, vem sendo liderada pelo presidente francês, Sarkozy, em uma dura cruzada contra a nação liderada há cerca de 40 anos por Muamar Kadaffi. No aeroporto Charles De Gaulle bastava uma passada pelas incontáveis lojas de jornais e revistas para constatar que a guerra de Sarkô contra a Líbia vem ganhando ampla cobertura da imprensa – principalmente sob o enfoque europeu. Nosso propósito, indo conferir pessoalmente a situação da Líbia, é tentar ajudar a ressuscitar aquela que é a primeira vítima em qualquer guerra: a verdade.
A bordo do avião para Túnis os jornais continuavam os mesmos e a preocupação de entrar em uma região de conflito aumentava, mas não a ponto de tirar o bom humor da delegação brasileira. “Explique-me como se diz ‘não atire em mim’ em árabe”, perguntei, eu, com minha cara de tunisiano à Molka, antes de deixar o Charles De Gaulle. Ela riu: “Não vai precisar disso. Além do mais, nossa língua é uma mistura de árabe, inglês e francês. É fácil se comunicar lá”. Provavelmente ela tem razão. O maior risco de se tornar alvo, na Líbia, vem do bombardeio aéreo.



Quem explode o quê?
Já na madrugada, em Tunis, consigo conectar na internet e vejo notícias da Reuters sobre rebeldes ocupando Zawiyah, que fica entre a Tunísia e Tripoli. O próprio governo da Líbia havia nos avisado sobre o evento, mas afirmando que a estrada entre os dois países estavam sob forte ataque da Otan. Exatamente por onde deveríamos passar.
Antes, no aeroporto internacional de Tunis, uma outra conversa dá outras tintas ao conflito. Um funcionário do setor de turismo local explica que pelo movimento de seu guichê não seria possível afirmar que a região está em guerra. ''Vejo líbios chegando e partindo livremente, como vocês'', explica. Para ele, é fácil entender os motivos dos protestos em seu país, mas estranha o movimento no vizinho.
O povo tunisiano aparenta ser bastante bem humorado. Deu para perceber isso já ao passar pelo oficial da alfândega e pelos funcionários que cuidam do raio-X. O homem do guichê de informações turísticas não foge ao estilo, mas quando comenta a guerra nas duas nações muda um pouco de expressão. "Aqui vivemos com menos liberdade, mas na Líbia é diferente. Eles têm mais liberdade e mais recursos que nós. Não dá para entender quem são aqueles rebeldes..."

Amanhã:
Hoje saimos à cata de líbios em Tunis e achamos. Conversamos com um consultor militar dos rebeldes que volta amanhã para a Líbia e mais três cidadãos que vieram aqui em busca de alimentos e remédios. Poderão conferir o outro lado da história diretamente da boca de líbios. Temos texto e entrevistas gravadas em vídeo.

*** faço parte de uma delegação brasileira convidada pelo governo Líbio para conferir os ataques da Otan. Minha missão pessoal é relatar o que de verdade eu encontrar por lá e no caminho até a guerra. Meu compromisso é com a verdade e acho que é possível manter esse compromisso. Quem achar que merece contraponto, veja a CNN, Reuters e France Press - todas de países membros da OTAN.

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