Não tenho nada contra Kiarostami, Tornattore ou Kurosawa. Não tenho nada contra a vanguarda, o Cinema Novo ou qualquer outro movimento cultural que cai nas graças da elite pensante. Eu consumo esses produto e gosto.
Eu critico é a tendência que existe de tornar esses movimentos, essa produção como referência, teto e objetivo.
Enquanto isso nós vemos Transformers, Chuck Norris e Top Guns da vida domesticando nossa sociedade. E isso vem rolando há séculos.
Pagu posava ao lado dos colegas vanguardistas e, na calada da noite, escrevia contos policiais com pseudônimo inglês. Por quê?
A resposta é óbvia, para que tivesse crédito e fosse capaz de convencer editores e leitores. Precisava ganhar dinheiro. Mas por que não teve coragem de tentar mudar realmente o jogo?
Diante da sociedade ela era vanguardista, queria mudar a cultura, a arte, etc. Mas na hora de ganhar o pão sabia o que fazer para seduzir o público leitor.
Mas se ela sabia que o público queria ler contos policiais, por que não fez a sua "tropicalização" desse gênero?
Tem gente que diz que um detetive chamado João da Silva só causaria risadas. É o caso de Ed Mort e outros, numa sugestão clara de que somos capazes apenas de parodiar aquilo que tanto gostamos de ver e ler, como filmes e romances policiais, de suspense ou de espionagem.
Tem gente que diz que a língua portuguesa não se presta pra isso. O roteirista Bráulio Mantovani detona nos diálogos dos dois Tropa de Elite, mas como falaria o agente da Abin de um roteiro que ele fosse escrever sobre a sabotagem de Alcântara? Em primeiro lugar, seria o espião chamado de "araponga"?
Enquanto Pagu se travestia de King Shelter contando casos policiais e hoje continuamos nos qualificando como paródia, o mercado internacional continua nos fornecendo heróis policiais, detetives brilhantes e espiões eficientes com nomes anglo saxônicos. E a gente consome isso de forma ideologizada.
Quando o público veio querendo erguer o capitão Nascimento ao patamar de heroi pintou logo uma galera de jornalistas e pensadores dizendo "alto lá"... (e não adianta o Bráulio querer dizer que não é porque a recepção do público é que conta. Publicou, não é mais do autor)
Eu não vou usar pseudônimos. Nunca.
Eu critico é a tendência que existe de tornar esses movimentos, essa produção como referência, teto e objetivo.
Enquanto isso nós vemos Transformers, Chuck Norris e Top Guns da vida domesticando nossa sociedade. E isso vem rolando há séculos.
Pagu posava ao lado dos colegas vanguardistas e, na calada da noite, escrevia contos policiais com pseudônimo inglês. Por quê?
A resposta é óbvia, para que tivesse crédito e fosse capaz de convencer editores e leitores. Precisava ganhar dinheiro. Mas por que não teve coragem de tentar mudar realmente o jogo?
Diante da sociedade ela era vanguardista, queria mudar a cultura, a arte, etc. Mas na hora de ganhar o pão sabia o que fazer para seduzir o público leitor.
Mas se ela sabia que o público queria ler contos policiais, por que não fez a sua "tropicalização" desse gênero?
Tem gente que diz que um detetive chamado João da Silva só causaria risadas. É o caso de Ed Mort e outros, numa sugestão clara de que somos capazes apenas de parodiar aquilo que tanto gostamos de ver e ler, como filmes e romances policiais, de suspense ou de espionagem.
Tem gente que diz que a língua portuguesa não se presta pra isso. O roteirista Bráulio Mantovani detona nos diálogos dos dois Tropa de Elite, mas como falaria o agente da Abin de um roteiro que ele fosse escrever sobre a sabotagem de Alcântara? Em primeiro lugar, seria o espião chamado de "araponga"?
Enquanto Pagu se travestia de King Shelter contando casos policiais e hoje continuamos nos qualificando como paródia, o mercado internacional continua nos fornecendo heróis policiais, detetives brilhantes e espiões eficientes com nomes anglo saxônicos. E a gente consome isso de forma ideologizada.
Quando o público veio querendo erguer o capitão Nascimento ao patamar de heroi pintou logo uma galera de jornalistas e pensadores dizendo "alto lá"... (e não adianta o Bráulio querer dizer que não é porque a recepção do público é que conta. Publicou, não é mais do autor)
Eu não vou usar pseudônimos. Nunca.
Antes de mais nada, ressalvo que estou totalmente de acordo quanto ao "alto lá" em relação a fazer do Capitão Nascimento um "herói". E não foram só os jornalistas: o próprio Bráulio Mantovani deixou claro que o personagem "nunca foi um herói":
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http://entretenimento.r7.com/cinema/noticias/para-roteirista-diferenca-entre-tropa-1-e-2-e-brutal-20101028.html
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De resto, concordo com que é bobagem pensar que a língua portuguesa não se presta a ficção de espionagem (ou seja lá o que for). Mas quem escreve para um gênero acostumado com clichês tem que contar com resistência do público e dos editores se quer fazer algo diferente. O único jeito é mesmo procurar um editor que esteja disposto a aceitar o desafio e ter paciência. Não se muda o mercado da noite para o dia.
Um exemplo que vem de outra ficção de gênero, no caso, "space opera":
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http://diariodovale.uol.com.br/noticias/0,43051,Aventuras-brasileiras-na-fronteira-final.html#axzz1X5BFY83i
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"Há algumas décadas dizia-se nos meios acadêmicos que ficção científica não era coisa para brasileiros. Histórias sobre o futuro, ou aventuras no espaço sideral eram a praia dos americanos, dos europeus e dos russos. Nós, habitantes do terceiro mundo, não podíamos sonhar com essas coisas. Não tínhamos tecnologia para isso. O tabu foi sendo derrubado aos poucos e esta semana foi lançado em São Paulo o livro 'Space Opera - Odisséias fantásticas além da fronteira final'. Uma coletânea de contos de autores brasileiros editada pela Draco de São Paulo.
Na divertida introdução ao livro, o estudioso Fabio Fernandes se lembra de uma palestra, no final da década de 1980, quando o orador disse que jamais teríamos uma versão brasileira da Jornada nas Estrelas, com um capitão Barbosa no comando de uma nave interestelar. É exatamente esse o tema do último conto da antologia. 'Pendão da esperança' nos leva para bordo de uma nave brasileira, comandada por um capitão Barbosa, as voltas com um problema de primeiro contato semelhante aos enfrentados pelo capitão Kirk da TV. Problema que é resolvido com um jeitinho bem brasileiro" (...)