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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O Idiota e o Prêmio Nobel

O idiota e prêmio Nobel. Um tem sua voz sacralizada pelo cânone, pelo peso inquestionável da reprodutibilidade aplicada na consagração e distribuição de suas ideias. O outro, por encontrar eco entre iguais (e até entre os não tão iguais assim). Se por um bom tempo o certo, o justo e o inquestionável era definido pela afirmação que ganhava o aval do fotolito e das rotativas (que raramente se movem para avalisar idiotas), hoje a velocidade e a ramificação digital oportunizam que o idiota consiga, em um dia - ou menos - espraiar seu ponto de vista a um número maior que a tiragem dos dois ou três maiores jornais do mundo juntos. Se um dia o jugo da cultura e do conhecimento dependentes de um ferramental técnico fora do alcance das massas (dos idiotas?) foi questionado, hoje, o que se pensa do efeito libertador da internet?
Que a libertação foi negativa?
Que ultrapassar as barreiras do dispendioso tangível condena a humanidade ao fracasso como civilização?
Nelson Rodrigues (tomo emprestada a citação) descreve a situação: “Estes descobriram que são em maior número e sentiram a embriaguez da onipotência numérica. Criou-se uma situação realmente trágica – ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina”.
Mas a situação pode ser descrita apenas como Eco e Nelson Rodrigues estabelecem? A ascensão do idiota não pode ser considerada a liberdade intelectual das massas, que enxerga não mais paradigmas naquilo que a inteligentsia definiu como digno de ser publicado ou avalisado?
Haveria um pouco de dor de cotovelo dos publicáveis quando viram que a sociedade está se libertando da prisão do “publicável”?
Tomemos o movimento artístico do início do século passado, a vanguarda, a arte moderna, estabelecendo que a arte burguesa não devia ser tomada como fôrma e limite da arte. Que TODOS tinham a arte em si e o direito de se expressar artisticamente não cabia apenas a elementos artistas profissionais. Daí veio o rabisco como arte….
Não vivemos um momento parecido? Não estamos exatamente questionando de quem é o direito de se afirmar pensador da civilização? Não estamos aqui movidos pela discussão sobre o idiota que se sente livre para “pensar” sem as definições do prêmio Nobel?
Voltando à Vanguarda artística, o movimento que quis democratizar e popularizar a arte acabou se elitizando novamente. Quando disseram que qualquer rabisco poderia ser arte, não estavam dizendo que apenas o rabisco DE ALGUNS valeria como arte.
Mas foi o que aconteceu.
E, por mais que os chamados idiotas tenham essa sensação, essa “embriaguez da onipotência numérica”, eles continuam presos à insignificância, pois não terão o “check”, o “visto”, o aval da intelligentsia.
Esta, pode ter se assustado, mas sua capacidade de se adaptar e voltar a impor suas limitações ao pensamento coletivo são infinitas.
Já estamos vendo isso acontecer.
Liberdade de expressão demais também dá trabalho.
É mais fácil quando tudo já vem julgado e empacotado para consumo.

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