sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Eu não matei nenhum filhote de foca hoje. E você?
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Tropa de Elite 2 no Oscar
Tropa 2 requer a apreciação do primeiro filme para uma fruição perfeita da obra, mas isso não é fator determinante. Muita gente viu o primeiro depois de ter sido arrebatado pelo segundo, que é muito melhor.
O filme é um exemplar de gênero policial muito interessante e isso não é ofensa. Filme policial não é apenas Máquina Mortífera ou Desejo de Matar. Tem uma infinidade de vertentes diferentes do gênero policial, principalmente nos cinemas americanos e ingleses, mas tem muita coisa boa no cinema francês.
Nesse sentido, Tropa de Elite 2 é um filme do naipe daqueles que pega um gênero e estica para o lado que quer, até poder mexer com o público, provocando-o, mas ao mesmo tempo oferecer o conforto de fazê-lo fruir por um campo conhecido.
Isso não tem nada de mal. É muito bom, até. Isso é uma das coisas que garantiu os mais de 11 milhões de espectadores.
aqui uns links sobre o filme, já postados aqui no blog:
http://migre.me/5KoYN
http://migre.me/5KoZr
http://migre.me/5KoZY
http://migre.me/5Kp0i
http://migre.me/5Kp0F
http://migre.me/5Kp10
http://migre.me/5Kp1I
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Quem paga a conta, afinal?
Nele eu comento a incoerência da população brasileira(85%) ao responder que prefere um Código Florestal que privilegie a preservação da Natureza mesmo que isso prejudique a agricultura.
Usei de ironia para falar sobre o assunto.
Teve gente que não entendeu, que disse que na sua cidade tem SIM lojas que vendem produtos orgânicos e etc.
Isso tem em todo o Brasil, mas o volume de negócios dessa agroindústria (sim, é uma agroindústria) não corresponde aos 85% da população dita "esclarecida".
De acordo com a pesquisa da DataFolha, 85% população brasileira deveria ser consumidora de produtos agrícolas biodinâmicos, orgânicos, que "não agridam o meio ambiente" e que seriam produzidos em áreas reduzidas.
Mas isso não acontece.
Por quê?
Porque os produtos são caros?
Se 85% da população brasileira diz que a agricultura pode ser prejudicada, 85% da população brasileira SABE que os preços poderão aumentar em função disso. E esses mesmos 85% não querem pagar o preço atual de uma agricultura dita mais ecologicamente correta.
Daí algumas pessoas falaram em INCENTIVO GOVERNAMENTAL PARA ESSE TIPO DE AGRICULTURA.
1) Ora, o governo hoje impede que esse tipo de agricultura entre nos programas estatais de incentivo? Há algo que impeça? Não sei mesmo, gostaria de saber.
2) Se é para o ESTADO subsidiar esse mercado, quem paga a conta? Todos nós. Todo mundo, dividindo a conta com quem quer comprar produtos orgânicos e quem não faz questão desses produtos.
É essa a saída?
Se for, será a saída para todas as atividades econômicas que não tenham mercado: o ESTADO (nossos impostos) pagar a conta para que todo mundo ganhe dinheiro.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Arco do Triunfo
Na volta de Túnis passamos por Marseille, em rápida conexão, e por Paris, com um pouco mais de tempo. Decidimos pegar um táxi e olhar brevemente a cidade. A minha ideia era ver o Arco do Triunfo.
Mais do que a Torre Eiffel, o Arco é para mim uma imagem símbolo da França. Construído em 1806 para marcar as batalhas de Napoleão, é uma espécie de monumento ao imperialismo francês da época.
No entanto, a cena que mais me marcou do local é das tropas nazistas desfilando ao seu lado. Quis ver aquilo de perto.
Os franceses se orgulham de sua Resistência, mas lutaram com unhas e dentes pelas suas colônias na África. Sentiram o gosto amargo da invasão, de serem humilhados, e fizeram isso com a Líbia, mais recentemente.
No final das contas, ver esse monumento tão de perto só ampliou a certeza de que as pessoas aprendem pouco com sua história...
Ainda estou querendo entender
domingo, 11 de setembro de 2011
11 de setembro
terça-feira, 6 de setembro de 2011
Falta um pouquinho de vergonha na cara, não?
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
Na revista Piauí, a trajetória da delegação brasileira rumo à Líbia
Adeus às armas
Em sua batalha final, Kadafi recorreu até aos deputados Protógenes e Brizola Neto
por Paula Scarpin
ram seis da manhã e os termômetros já avançavam a casa dos 30 graus centígrados em Túnis. Os deputados federais Protógenes Queiroz e Brizola Neto terminavam um café com torradas, frutas e suco quando um funcionário do hotel avisou que o motorista chegara. Ansiosos, eles já tinham descido dos quartos com a bagagem pronta. O motorista árabe, que arriscava um francês básico, os aguardava sorridente em frente ao Kia Borrego SUV prata. Na tarde anterior, a quinta-feira, 18 de agosto, o próprio Protógenes telefonara para a locadora e pedira um carro com boa tração e espaço para sete ou oito pessoas. Àquela hora o deputado ainda não tinha a conta exata do número de integrantes da comitiva brasileira que faria o estirão de quase 700 quilômetros até a fronteira com a Líbia para tentar testemunhar os conflitos.
A visita dos brasileiros vinha sendo ensaiada desde março, e fora marcada e cancelada várias vezes. A ONG líbia Fact Finding Committee,financiada por Muammar Kadafi e organizada depois da insurreição rebelde, havia divulgado um convite mundial a entidades interessadas em verificar o que de fato ocorria no país árabe, independente da cobertura que seus ativistas julgavam tendenciosa, fruto da “imprensa golpista”. O comitê oferecia passagens, hospedagem e visitas guiadas a hospitais, escolas e locais bombardeados pela Organização do Tratado do Atlântico Norte, a Otan. Em contrapartida, os participantes deveriam redigir um relatório isento endereçado às Nações Unidas.
Pipocaram voluntários da Espanha, Itália e Estados Unidos para a missão proposta pelo comitê. Cynthia McKinney, uma ex-congressista americana, chegou a liderar uma delegação chamadaDignity,que redigiu um contundente relatório repudiando os bombardeios da Otan. A comitiva brasileira não tinha nome, mas seguia o exemplo da americana e era composta por nove integrantes.
Entre os convidados específicos da ONG de Kadafi estavam o veterano jornalista Mario Augusto Jakobskind, autor de Dossiê Tim Lopes, a militante feminista Alzimara Bacellar e Juliana Castro, jornalista freelancer que já fizera vários trabalhos de assessoria de imprensa para a Embaixada da Líbia em Brasília. Por ter organizado eventos nessa legação diplomática, Juliana conhecia alguns membros do Fact Finding Committee. Foi designada como a responsável pela interlocução entre a entidade e os integrantes brasileiros.
Ela conta que a ONG líbia teria convidado também os deputados Chico Alencar, Manuela D’Ávila e Luiza Erundina (fato que os gabinetes da ex-prefeita de São Paulo e da musa comunista negam; Chico Alencar confirma). Segundo a jornalista, questões de agenda teriam impedido a ida dos três. Encarregada de engrossar o pelotão de brasileiros, Juliana incorporou primeiro o marido, o advogado Felipe Boni Castro. Em seguida convocou o fotógrafo Sérgio Alberto e o cinegrafista Miguel Mello, com quem já havia trabalhado num evento em memória dos quarenta anos da morte de Che Guevara.
Robinson Pereira, escritor, jornalista freelancer, blogueiro e assessor do senador Acir Gurgacz, do PDT de Rondônia, foi um dos últimos a ser chamado. Pereira conheceu Juliana no começo de julho, no evento “Ler está na moda”, em Brasília, onde participava de um debate com outros autores. Ao ouvir Pereira falar de seus dois romances de espionagem, Fronteira e Souvenir Iraquiano, nos quais o vilão é um espião americano, Juliana apostou que o autor se interessaria em integrar a comitiva – e não errou. Sob o pretexto de pedir um autógrafo, fez-lhe o convite. Ele topou na hora.
Antes de embarcar, Pereira contatou a revista Carta Capital, que já publicou textos de sua autoria e acertou o envio de alguns flashes da expedição. A revista chegou a anunciar a novidade no seu portal, mas a nota sumiu no ciberespaço sem deixar rastro. “Eles não tinham entendido que a viagem seria paga pelo Kadafi”, esclareceu o jornalista.
Completado o grupo, todos decolaram de São Paulo num mesmo voo da Air France. Para a surpresa da comitiva, os deputados Protógenes e Brizola Neto viajaram de primeira classe; os demais, de classe econômica.
e acordo como plano original, os brasileiros seriam recebidos por um membro da ONG em Túnis, e de lá seguiriam num avião fretado até Ben Gardane, na fronteira. Partiriam entãopor terra até o destino final, Trípoli, onde passariam uma semana. Animados, chegaram a posar para uma foto de grupo no saguão do aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, durante a escala. Ao desembarcarem em Túnis, porém, não havia ninguém à espera e Juliana foi informada por telefone de que a fronteira fora tomada pelos rebeldes. Seguindo novas instruções, o grupo hospedou-se no Hotel Diplomat, de quatro estrelas e diária moderada, à espera de novas instruções.
Aquartelados na capital da Tunísia, Protógenes e Brizola Neto tentaram marcar um encontro com diplomatas brasileiros lotados no país. Só então, segundo o Itamaraty, o Ministério das Relações Exteriores tomou ciência da participação dos dois deputados na eclética comitiva. “Foi uma situação excepcional. Há uma área do Itamaraty destinada a lidar com o Congresso, e existe uma interlocução fluida com o objetivo de tratar de questões logísticas. Mas nada impede que os parlamentares viajem sem prestar contas ao Itamaraty”, informou a assessora Amena Yassine. Como nenhum dos dois deputados faz parte da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Congresso, é possível que eles não soubessem deste canal de comunicação.
Desde o primeiro dia em terras tunisianas, Protógenes, Brizola Neto e parceiros de missão arregaçaram as mangas e se puseram a trabalhar. Das instalações do Hotel Diplomat passaram a divulgar em seus respectivos blogs informações que consideraram essenciais. A primeira foi uma “Nota de repúdio aos bombardeios da Otan”, na qual ambos descreviam, de Túnis, como eram os ataques aéreos na Líbia.
Robinson Pereira foi o mais prolixo da comitiva. Estreou com uma análise tão original quanto umroman à clé: “A intromissão das forças lideradas por Sarkô [Nicolas Sarkozy, presidente da França] e Obama é o mesmo que um exército internacional ajudar a torcida do Brasil de Pelotas a tomar o governo das mãos de Dilma Rousseff”. Um enigma. Também entrevistou uma jovem tunisiana, que foi taxativa sobre as revoltas na terra de Kadafi: “As manifestações são pacíficas.”
Passados três dias e frustrados pela impossibilidade de cumprir a missão, os integrantes da comitiva decidiram alugar um carro por conta própria e seguir até a fronteira. Além dos dois deputados, os mais empolgados eram Robinson Pereira e o fotógrafo Sérgio Alberto. Juliana Castro e o marido optaram por ficar no Diplomat, junto com Mario Jakobskind e Alzimara Bacellar. O cinegrafista Miguel Mello, que tentava adiantar a volta para o Brasil, acabou sendo convencido a mudar de planos e se integrar à expedição. “Eu não ia deixar o pessoal na mão, certo? Eles estavam tão empolgados, decididos, e eu só pensava: será que a gente é tão importante assim?”, contou por telefone.
Robinson Pereira, sem maiores explicações, acabou não embarcando.
A caravana brasileira levou nove horas para chegar à cidade de Ben Gardane, ainda em território tunisiano, ali ficou cerca de cinco horas e deu meia-volta, retornando à capital. Segundo Miguel Mello, o motorista árabe tinha se recusado a entrar na convulsionada Líbia. No dia seguinte, em seu blog, Protógenes informou que havia avistado “um avião do governo venezuelano esperando seis membros da família Kadafi para serem asilados”.
Cansados da viagem, os expedicionários aportaram na madrugada de sábado no Hotel Diplomat e embarcaram no mesmo dia de volta ao Brasil. Na escala em Paris, a comitiva teve algumas horas para almoçar e relaxou tirando fotos no Arco do Triunfo. Protógenes Queiroz preferiu não sair do aeroporto.
Apesar de se dizer frustrado por não ter conseguido cumprir seu objetivo, Brizola Neto deixou a Tunísia convicto. “A Otan está extrapolando o seu papel, interferindo no processo interno líbio”, disse durante a festa de comemoração dos 50 anos da Campanha da Legalidade, no Bar Mofo, na Lapa carioca, dois dias depois da volta ao Brasil.
O que precisa para render uma sessão pipoca?
"O único jeito é mesmo procurar um editor que esteja disposto a aceitar o desafio e ter paciência. Não se muda o mercado da noite para o dia", Mas é exatamente isso que estou dizendo. Cadê esse editor? Cadê esse agente literário?
domingo, 4 de setembro de 2011
Golpe de Estado Globalizado
Vimos os modelos de guerra evoluindo, com participação de mercenários de empresas privadas registradas em solo americano e na Inglaterra e depois vimos isso agora. No ponto de vista deles, é bacana, pois não precisaram se preocupar em enviar tropas, o que é sempre traumático. Mas alguém duvida que aquilo lá esteja cheio de mercenários da Xe (ex-Blackwater)?
Trocando em miúdos
Eu critico é a tendência que existe de tornar esses movimentos, essa produção como referência, teto e objetivo.
Enquanto isso nós vemos Transformers, Chuck Norris e Top Guns da vida domesticando nossa sociedade. E isso vem rolando há séculos.
Pagu posava ao lado dos colegas vanguardistas e, na calada da noite, escrevia contos policiais com pseudônimo inglês. Por quê?
A resposta é óbvia, para que tivesse crédito e fosse capaz de convencer editores e leitores. Precisava ganhar dinheiro. Mas por que não teve coragem de tentar mudar realmente o jogo?
Diante da sociedade ela era vanguardista, queria mudar a cultura, a arte, etc. Mas na hora de ganhar o pão sabia o que fazer para seduzir o público leitor.
Mas se ela sabia que o público queria ler contos policiais, por que não fez a sua "tropicalização" desse gênero?
Tem gente que diz que um detetive chamado João da Silva só causaria risadas. É o caso de Ed Mort e outros, numa sugestão clara de que somos capazes apenas de parodiar aquilo que tanto gostamos de ver e ler, como filmes e romances policiais, de suspense ou de espionagem.
Tem gente que diz que a língua portuguesa não se presta pra isso. O roteirista Bráulio Mantovani detona nos diálogos dos dois Tropa de Elite, mas como falaria o agente da Abin de um roteiro que ele fosse escrever sobre a sabotagem de Alcântara? Em primeiro lugar, seria o espião chamado de "araponga"?
Enquanto Pagu se travestia de King Shelter contando casos policiais e hoje continuamos nos qualificando como paródia, o mercado internacional continua nos fornecendo heróis policiais, detetives brilhantes e espiões eficientes com nomes anglo saxônicos. E a gente consome isso de forma ideologizada.
Quando o público veio querendo erguer o capitão Nascimento ao patamar de heroi pintou logo uma galera de jornalistas e pensadores dizendo "alto lá"... (e não adianta o Bráulio querer dizer que não é porque a recepção do público é que conta. Publicou, não é mais do autor)
Eu não vou usar pseudônimos. Nunca.
sábado, 3 de setembro de 2011
Fazedores de cabeça
Não tenho nada contra falar de fulano ou beltrano, mas eu tenho, com certeza, algo contra CONSTRUIR fulanos e beltranos sem se dar conta do apelo popular, dos efeitos ante as pessoas desse ou daquele trabalho.
Explico melhor.
O que funcionou, em termos culturais, nos últimos 30 anos?
Nada do que os jornalistas das páginas de cultura vendiam.
O mundo cagou para o cinema iraniano e aprendeu a odiar os árabes.
O mundo se calou diante da força do imperialismo anglo-saxônico (mais uma vez) e acaba perpetuando as glórias expostas em Top Gun, Rambo e Indiana Jones (nada contra a figura mítica de Indiana Jones).
E nesse meio tempo, a imprensa dita cultural cagou e andou para a formação de correntes contrárias do mesmo nível, do mesmo patamar cultural e ideológico.
Não tem como enfrentar Chuck Norris com Kiarostami, por favor!
E no final das contas, Kiarostami perdeu de lavada!
Por quê? Por causa da soberba de nossos formadores de opinião culturais.
Saco isso, não?
Ex-chefe do MI-5 critica a chamada "guerra ao terror"
Lady Eliza Manningham-Buller uses BBC lecture to criticise 'unhelpful' term, attack Iraq invasion and suggest al-Qaida talks
MI5's former director general Lady Eliza Manningham-Buller during her 2011 BBC Reith lecture. Photograph: Jeff Overs/BBC/PA
Lady Eliza Manningham-Buller, the former head of MI5, delivered a withering attack on the invasion of Iraq, decried the term "war on terror", and held out the prospect of talks with al-Qaida.
Recording her first BBC Reith lecture on the theme, Securing Freedom, she made clear she believed the UK and US governments had not sufficiently understood the resentment that had been building up among Arab people, which was only compounded by the war against Iraq.
Before an audience which included Theresa May, the home secretary, she also said the 9/11 attacks were "a crime, not an act of war". "So I never felt it helpful to refer to a war on terror".
Young Arabs, she said, had no opportunity to choose their own rulers. "For them an external enemy was a unifying way to address some of their frustrations."They were also united by the plight of Palestinians, a view that the west was exploiting their oil and supporting dictators. "It was wrong to say all terrorists belonged to al-Qaida," added Manningham-Buller.
Pursuing a theme which some in the audience may have been astounded to hear from a former boss of MI5, she said terrorist campaigns – she mentioned Northern Ireland as an example – could not be solved militarily. She described the invasion of Iraq as a "distraction in the pursuit of al-Qaida". She added: "Saddam Hussein was a ruthless dictator but neither he nor his regime had anything to do with 9/11." The invasion, she said, "provided an arena for jihad", spurring on UK citizens to resort to terror.
September 11 was a "monstrous crime" but it needed a considered response, an appreciation of the causes and roots of terrorism, she said later in answers to questions. She said she hoped there were those – she implied in western governments – who were considering having "talks with al-Qaida".
Some way must be found of approaching them, she suggested, though she said she did not know how, at the moment, that could be done.
Manningham-Buller, who retired in 2007, attacked the invasion of Iraq in an interview with the Guardian in 2009. However, she has never before expressed such antipathy towards the prevailing policies and rhetoric of the government which she had to endure when she was in office. The lecture is to be broadcast on Radio 4 on 6 September, and entitled Terror.
Livros serão comercializados por até R$ 10 para incentivar leitura
Um conjunto de medidas para fomentar a produção e a comercialização de livros por até R$ 10,00 foi anunciado pelo governo federal nesta quinta-feira (1º). O pacote de editais, projetos e programas integrará o Programa do Livro Popular (PLP), que terá por objetivo baratear e facilitar o acesso aos livros e, dessa forma, ajudar a formar mais leitores no País. As primeiras ações a serem implementadas pela Fundação Biblioteca Nacional - responsável por gerir o programa - começam na próxima semana, com o lançamento do primeiro edital que irá convocar editores e autores a inscrever seus títulos por meio do Portal do Livro Popular, ainda em construção.
Outro edital vai cadastrar livrarias, bancas de jornal e revista e outros pontos de venda interessados em vender livros mais baratos aos consumidores em geral.
Em um terceiro edital, as bibliotecas públicas municipais, estaduais, rurais e comunitárias serão convidadas a aderir ao programa e as que se cadastrarem no Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas receberão um cartão-livro com créditos que podem variar de R$ 300,00 a R$ 15 mil para comprar livros que elas próprias escolherão no portal e retirarão diretamente nos pontos de venda cadastrados. O investimento para essa ação será de R$ 36 milhões, do Fundo Nacional de Cultura. A Fundação Biblioteca Nacional espera adquirir cerca de cinco milhões de livros para essas bibliotecas ainda em 2011.
Ações - De acordo com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, “todos os elos – desde os autores até os varejistas, passando pelos editores e os distribuidores – terão papel fundamental no programa, o que ajudará a fortalecer toda a cadeia produtiva”. Amorim revela que outras iniciativas do próprio Ministério da Cultura (MinC) serão anunciadas nas próximas etapas do programa, inclusive a aquisição de edições inteiras de títulos escolhidos pelas bibliotecas que ainda não tenham sido cadastrados. “Buscaremos todas as possibilidades para impulsionar tiragens maiores que permitam estimular uma maior oferta de livros populares”, afirma.
Outras ações implementadas pelo MinC, como a criação do Circuito Nacional de Feiras de Livro e da Caravana de Escritores, vão ajudar a viabilizar o PLP. O governo ainda está recomendando que outras áreas também colaborem com o esforço para baratear o preço do livro. Participam dos estudos coordenados pela Fundação Biblioteca Nacional para o PLP órgãos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Correios e Ministério da Educação.
Valor facilita acesso da Classe C
O preço de R$ 10,00 para o livro popular foi determinado a partir de estudos que levaram em conta o impacto desse valor no orçamento familiar em diferentes classes sociais. Embora o número de leitores e os índices de leitura tenham crescido na última década (1,8 para 4,7 livros por habitante/ano), a média per capita se manteve no período em 1,1 exemplar por habitante/ano.
“Precisamos fazer os livros chegarem pra valer à cesta da Classe C, que é a que concentra o maior número de leitores do País”, defende Amorim, lembrando que 77 milhões de brasileiros ainda não leem livros.
www.secom.gov.br
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Steve Jobs
Anos depois do Jornada 928, do primeiro Treo e de outros smartphones jurássicos, apareceu o iPhone. A imprensa especializada agiu como se nunca tivesse ouvido falar de Nokia Comunicator ou outros celulares mesclados com computador.
Se o leitor forçar pela memória ou correr atrás em bibliotecas vai ver que eu não estou falando mentira. Muitos articulistas trataram o iPhone como o primeiro exemplar da união entre celular e computador, ou entre celular e PDA. E mais: teve gente que nunca havia ouvido falar em touchscreen.
O iPhone, se não me falha a memória, foi o primeiro com tela capacitiva. Isso porque realmente Jobs queria uma tela que não precisasse da canetinha. Talvez estivesse baseado em pesquisas com gente que reclamava de perder stylus de seus PDAs e smartphones. Eu nunca perdi um e sempre achei muito prático.
Hoje em dia, quando saco a canetinha de meu HTC Touch Pro 2 e rabisco algo no Notes, ouço expressões de espanto. Pombas, isso existe desde o Newton, em 1993, e antes até. Mas acontece que como Jobs parece ter reinventado a pólvora, o próprio Newton, na Apple, parece ter sido negado.
Com o inverno rigoroso em algumas partes do mundo, as pessoas perceberam que não dava para usar um iPhone caso estivesse vestindo luvas. Passaram a usar salsichas até e hoje fabricam canetas para usar em iPhone e iPads. E quando aparece uma caneta hitech que faz mais ou menos o que os bons e velhos stylus faziam (feitos de plástico), tem gente que fica boquiaberta. E olha que há uns anos eu vi um jornalista chamar o stylus de jurássico....
Eu, sinceramente, gosto muito das telas dos Nokia N800 e N810. Muito sensíveis à pressão do dedo e de stylus. E detalhe: são realmente sensíveis à variação de pressão. E são resistivas.
Outra prova da promoção do iPhone é o seu sensor de proximidade, que não passa de um sensor de luz. Quando fica escuro perto dele, a tela apaga e fica insensível. Nada a ver com proximidade, com movimento ou outra balela. Experimente aproximar um plástico transparente. Nada acontece.
Logo, ele não é um sensor de proximidade ou de movimento (nada a ver com acelerômetro), mas de luz.
Não quero tirar o mérito do Jobs, mas é preciso dar nome aos bois. Tem muita gente boa na indústria de PDAs, smartphones e tablets que tiveram seus nomes ofuscados pelo Steve Jobs e isso não é justo.
Não entendi
Estranho. São as mesmas pessoas que reclamam quando o feijão está caro, quando o tomate custa mais de R$ 3,00 o quilo, quando o preço da carne fica proibitivo.
Caso o Código aprovado realmente reduza a capacidade de produção agrícola, caberá a produtor simplesmente cobrar mais caro pelo produto dele. E o que será preciso fazer para comer?
É tudo uma questão de lei de mercado.
O ideal não seria equilíbrio?
Os mesmos países que cobram atitudes ambientais do Brasil são os mesmos que não reflorestam e continuam a devastação fora de seus territórios... na África, por exemplo.
Daí a coisa fica ainda mais curiosa. A África tem uma floresta equatorial gigantesca que está sendo devastada. Antes dessa devastação, a floresta da África era maior que o Brasil inteiro. Mas ninguém está incomodado com o desmatamento na África.
Por qual motivo?
Se metade for verdade...
Os carros que vemos parecem ser novos, melhores que a frota aqui no Brasil. A população festeja a passagem do líder deles.
Tudo pode ter sido forjado. Podem ter montado a cena toda, criado um circuito com uma galera recebendo dinheiro para fazer papel de "população feliz". Quem sabe?
No vídeo, as legendas mostram uma realidade da Líbia que estatísticas reforçam, como alta qualidade de vida e riqueza de uma nação de pouco mais de 6 milhões de habitantes com uma renda per capita alta e com boa distribuição de renda.
Se metade do que aparece for mentira, mesmo assim a vida deles lá era bem melhor que no Brasil, em todo o resto da África e na América Latina. Se um terço for verdade, ainda é melhor que no Brasil.
http://www.mathaba.net/news/libya/
Será que era tudo mentira?
Ou seja, enquanto as forças da Otan bombardeava incessantemente civis e militares em Trípoli, a TV mostrava imagens falsas de uma capital invadida por rebeldes comemorando festivamente...
http://www.youtube.com/watch?v=Zaefo256wg4&feature=share
Agora é hora de reconstruir a Líbia
31/08/2011 - 20h11
Internacional
Renata Giraldi*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O embaixador extraordinário do Brasil para o Oriente Médio, Cesário Melantonio Neto, que serve atualmente no Egito, será o representante do país na reunião de amanhã (1º), em Paris, em que será discutido o futuro da Líbia. A reunião é coordenada pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, e conta com representantes de de 50 países. A ideia é organizar ações conjuntas para a reconstrução da Líbia.
Anteontem (29) a Agência Brasil antecipou que Melantonio Neto representaria o governo brasileiro na reunião. Desde o começo desta semana, o nome dele estava cotado, mas apenas na tarde de hoje (31) o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, oficializou a indicação. O assunto foi tema de uma reunião anteontem entre Patriota e a presidenta Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
Há cerca de dez dias, desde que a situação na Líbia se agravou, Sarkozy convocou a reunião com líderes dos países do chamado Grupo de Contato - que envolve as maiores economias do mundo – e convidou o Brasil para participar. O objetivo, segundo o governo francês, é buscar alternativas para colaborar com o regime de transição na Líbia.
Paralelamente, Patriota manteve contatos com os representantes do Brics – grupo formado pelo Brasil, pela Rússia, Índia, China e África do Sul – para definir uma posição comum na reunião de amanhã. Assim como o Brasil, os demais países que formam o Brics foram convidados para a discussão em Paris.
O embaixador do Brasil no Egito, Cesário Melantonio Neto, foi escolhido para representar o governo brasileiro por ter sido designado por Patriota para fazer as articulações com a oposição na Líbia. Com larga experiência no mundo muçulmano, Melantonio Neto serviu não só no Egito, mas também na Turquia, conhecendo a cultura e o modo de fazer política dos árabes.
No entanto, diferentemente da França, Itália, Alemanha e do Reino Unido, cujos representantes estarão na reunião amanhã, o Brasil ainda não formalizou apoio ao Conselho Nacional de Transição (CNT) – comandando pela oposição líbia. Para o Brasil, é necessário que os líderes do conselho sinalizem que têm o respaldo da população do país e respeitarão os princípios democráticos e direitos fundamentais.
*Colaborou Luciana Lima
Edição: Nádia Franco
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Relatório dos deputados Brizola Neto e Protógenes Queiroz
Cheguei ao Rio sem condições de relatar,com o devido detalhamento, a viagem que se destinava à Líbia mas que foi, pelas razões que são de conhecimento geral, interrompida na Tunísia, por falta de condições de segurança. Farei isso agora, com a minuta do relatório que apresentarei, com o deputado Protógenes Queiroz, sobre tudo aquilo que fizemos, vimos e ouvimos.
Quero, também, esclarecer às pessoas que indagaram – e também às que criticaram sem saber o que diziam – que a viagem não foi custeada com um centavo de dinheiro público. Apenas as passagens foram adquiridas pelo Movimento Democracia Direta e nossas estadias e demais despesas foram custeadas pessoalmente.
Quem acha que viajar para a Líbia, em plena guerra, é fazer turismo, deveria pensar um pouquinho e refletir que nem todo mundo tem este tipo de relação com a política.
Feito este esclarecimento, e pedindo desculpas por termos parado o blog enquanto eu fazia o relatório – não dava para falar de outras coisas antes de prestar contas da viagem – publico a minuta do relato, que pode sofrer ainda algum ajuste, para incluir algum detalhe que tenha ficado esquecido.
Esta é a minuta do relatório:
“Excelentíssimo Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Marco Maia
Nos termos do ofício nº 2492/11/GP, pelo o qual esta Casa conferiu caráter oficial à viagem que realizamos com destino a República Árabe Líbia, vimos apresentar o relatório para informação e apreciação da Comissão de Relações Exteriores e dos demais integrantes da Câmara dos Deputados.
Em primeiro lugar, como é de conhecimento público, os acontecimentos frustraram nosso propósito de observar in loco a situação de conflito que se desenvolve naquele país desde que, em março do corrente ano surgiram os primeiros movimentos rebeldes, notadamente na cidade de Benghazi, localizada na costa oriental líbia.
De igual forma, é sabido que, a partir daí a Organização das Nações Unidas (ONU), através das Resoluções 1970 ratificada pelo governo brasileiro e na 1973, autorizou, apenas, ações – militares, inclusive – que visassem a proteger os direitos das populações civis e impedir o uso desproporcional de força, sobretudo a aérea, contra protestos desarmados.
Frise-se que este posicionamento foi absolutamente consentâneo com a tradição diplomática de nosso país, que se funda no respeito do auto determinação dos povos, a não-violência, e o respeito a disputa democrática do poder nacional. Houve, durante esses meses, inúmeras manifestações internacionais, sobretudo por parte da República Russa e da União Africana, de que tal mandato, ao ser extrapolado com ações bélicas que visavam enfraquecer e vulnerar o governo da Republica Líbia, estaria se configurando um ato de abuso de força e, na prática, de intervenção militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) naquele país.
Foi para constatar se era, de fato, isso que ocorria, significando uma violação do mandato internacional o qual nosso país subscreveu, que se destinou nossa missão.
Fixados os objetivos da viagem, passamos a narrar os fatos que nela sucederam.
Chegamos a Tunis, capital da Tunísia, no final da noite do dia 15 do corrente mês. No dia seguinte, nossa primeira providência foi buscar contato com a representação diplomática brasileira na capital tunisina, o que, infelizmente foi impossível e só veio ocorrer na quarta-feira quando nos reunimos com os senhores Márcio Augusto dos Anjos, primeiro secretário da embaixada brasileira na Líbia e pelo senhor, André Rosa Bueno, que nos informaram da dificuldade de obter garantias de segurança para o procedimento da viagem (documento anexo), o que já nos havia sido dito na véspera pelo Dr. Wael Al Faresi, professor universitário e membro do Comitê Olímpico, e naquele momento membro do “Comitê Voluntário de Apoio” ao governo líbio.
Note-se que, pela precariedade do trânsito entre a Tunísia e a fronteira oeste líbia – até então livre de conflitos militares, a comunicação do Dr. Al Faresi com nossa delegação foi feita por intermédio de videoconferência.
Expressando-se em português, o Dr. Al Faresi disse nos que o exército líbio havia recuado de suas posições naquela região após fortes bombardeios realizados pela aviação da Otan. Segundo ele, as ações militares visavam não apenas desalojar as tropas leais do governo como, sobretudo, interromper o funcionamento da infraestrutura e dos canais de abastecimento daquele país.
Disse-nos, inclusive, que teria sido bombardeada uma usina de geração termoelétrica que abastecia de energia a cidade. No diálogo com os representantes diplomáticos brasileiros o Senhor Márcio dos Anjos, além de confirmar a instabilidade da situação militar nas vias de acesso à Trípoli, confirmou que até a data que deixou a capital líbia, 15 dias antes do nosso encontro que os bombardeios danificavam progressivamente os serviços de infraestrutura da cidade, levando a interrupções no fornecimento de energia e telecomunicações, provocando elevação nos preços dos alimentos e mercadorias em geral, pela escassez de suprimentos.
Numa explanação mais ampla, o secretário Márcio dos Anjos descreveu-nos a Líbia como uma sociedade onde a maioria da população gozava de bons níveis de bem-estar, inclusive com políticas públicas de educação, saúde, habitação gratuitas e como a maior renda per capita do continente Africano. Disse-nos, ainda, que o país estimulava o intercâmbio de estudantes e profissionais com outras nações, à custa do governo. Ressaltou que o governo possuía recursos derivados do fato de ter a exploração de petróleo regulada por contratos que garantiam que cerca de 90% do lucro obtido pelas petroleiras fosse recolhido aos cofres públicos.
Com isso, informou, o Estado Líbio desenvolvia um grande programa de habitação, levando 80% da população a possuir moradia própria e projetando a construção de mais 500 mil casas e apartamentos, um número que se torna impressionante quando se considera que a população daquele país é composta por pouco mais de seis milhões de habitantes.
No aspecto político, o secretário Márcio dos Anjos disse não ter observado, em Trípoli, manifestações de adesão ao movimento rebelde e muito menos a presença de qualquer grupo insurreto. Havia, ao contrário, segundo seu relato, restrições ao chamado movimento rebelde mesmo entre aquelas pessoas que não apoiavam o comportamento de Muammar Gaddafi.
O relato do secretário, Márcio dos Anjos, foi corroborado pelo Ministro conselheiro Luis Eduardo Maya Ferreira, que chefia interinamente a embaixada brasileira em Tunis, ao definir o Sr. Márcio como um dos diplomatas de nosso país mais habilitado a descrever a situação líbia.
Impedidos, portanto, de seguir em nossa missão, aguardamos três dias por uma eventual melhoria nas condições de segurança, o que não ocorreu. Nestes dias, com ajuda de interpretes, pudemos observar nos meios de comunicação locais e regionais um amplo noticiário sobre o conflito, dividido, basicamente, em duas linhas de abordagem. Uma, da emissora Al Jazeera, sediada no Qatar, bastante semelhante ao noticiário que temos recebido, aqui no Brasil, pelas agências internacionais. Outra, com tom diferente, nas emissoras tunisinas e de outros países da região, onde, ao lado das imagens dos movimentos insurrecionais se exibiam também imagens das manifestações pró-Muammar Gaddafi. Pudemos, também, assistir às transmissões da TV estatal líbia, na qual se veiculavam inúmeras convocações à população para defesa da capital e de seu entorno, chamando à população civil, inclusive a feminina, para participar da resistência.
No esforço para tentar obter informações, deslocamos-nos até Bem Gardan, a última cidade tunisina antes da fronteira líbia, a cerca de 50 km dela, e, mesmo tentando ir adiante, isso foi recusado pelo motorista do veículo que locamos em Tunis para este deslocamento, alegando falta de segurança. Naquela localidade, pudemos observar duas situações dignas de nota. A primeira, o forte movimento de tropas e veículos blindados da Tunísia, para prevenir violações de seu território. A segunda, um grande acúmulo de alimentos e outros itens de primeira necessidade, inclusive combustível, que já não podiam ser levados à população líbia pelo acirramento do conflito.
Em resumo, a limitação de nossos movimentos, malgrado todos os esforços que fizemos para o pleno cumprimento de nossa missão, não nos permite expressar, com a força do testemunho pessoal, a situação interna da Líbia. Pudemos observar, entretanto, nos diálogos que realizamos, que é praticamente unânime a percepção na região de que o desfecho desses acontecimentos reflete muito mais os efeitos da intervenção militar ocidental do que propriamente o enfrentamento dos grupos pró e antigoverno daquele país. Mesmo com a impossibilidade de penetrarmos no território da Líbia, fizemos contatos com vários cidadãos daquele país, apoiadores ou opositores do regime e todos destacavam, não apenas o poder dos ataques da Otan como, até mesmo, o fato de muitas das operações de bombardeio atingirem alvos civis, a infraestrutura, e, ironicamente, até mesmo as tropas insurretas que visavam apoiar. Pelo que foi possível recolher de testemunhas não foi uma ação bélica condizente com a delegação internacional que a Otan recebeu da Onu.
Por fim, cabe assinalar que em todos os momentos nossa delegação insistiu numa posição de apoio ao fim, por ambas as partes, dos conflitos armados. E pela convocação do povo líbio a uma ampla e democrática consulta sobre os rumos da nação. Cumprimos, no limite de nossas possibilidades, a missão que nos foi delegada oficialmente por esta Casa, sem ônus para os cofres públicos, e colocamo-nos à inteira disposição dos senhores Deputados para qualquer esclarecimento adicional.
É o que temos a relatar.
Brasília, 22 de agosto de 2011
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
Cobertura jornalística da guerra na Líbia
No texto, na página A10, a matéria abre sem citar a Otan, que aparece no NONO parágrafo, com a afirmação de que admitem que com os combates nos centros urbanos fica difícil garantir a segurança de civis.
Vejam posts abaixo aqui no meu blog. Entrevistei um consultor militar dos rebeldes que fala dos ataques da Otan, e um civil que fala a mesma coisa: os bombardeios não eram eficientes. Mas, como disse o consultor: estava melhorando este mês.
De onde veio a arrancada dos "rebeldes"? Ora, veio da intensificação dos bombardeios. Não veio do crescimento das adesões ao grupo ou então da hegemonia da força deles.
Os bombardeios da Otan ganharam intensidade e ficou fácil para que os rebeldes avançassem.
A reportagem foi feita baseada em agências de notícias internacionais.
Agências essas que estão sediadas em Tripoli, mas que estranhamente não enviaram fotos das manifestações populares em Tripoli festejando a chegada dos rebeldes. As fotos da edição de hoje vêm de Benghazi, que já está há um bom tempo sob controle dos rebeldes.
Provavelmente as imagens de Tripoli não são agradáveis.
O único ponto equilibrado da cobertura está no infográfico, que aponta que o IDH da Líbia é melhor que o do Brasil. Eles estavam na 53a posição, e nós, na 73a.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Olhos de quem escreve romances de espionagem
Para que lado iria o meu relatório
Mais opiniões sobre o que está ocorrendo na Líbia
Contra a OTAN-EUA, que estão destruindo a Líbia:
Aumenta o apoio a Gaddafi
15/8/2011, Scott Taylor, The Chronicle Herald, Halifax, Canadá
http://thechronicleherald.ca/
Scott Taylor é jornalista e militar, editor da revista Esprit de Corps
(http://www.espritdecorps.ca/
A rebelião na Líbia sempre foi mais criação da mídia que confronto armado em grande escala. Sim, nos primeiros dias, os rebeldes tomaram alguns tanques e armas das tropas do governo. Por isso, houve escaramuças entre rebeldes e soldados do exército líbio ao longo da rodovia que acompanha o litoral.
Entre 15 de fevereiro, quando começou o levante, e 19 de março, quando o Conselho de Segurança da ONU autorizou intervenção internacional, a vasta maioria dos trabalhadores estrangeiros que viviam na Líbia abandonaram o país.
Naqueles dias de caos, o Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha noticiou que o presidente Mummar Gaddafi havia fugido para a Venezuela. Parecia que os rebeldes teriam vitória fácil e rápida. Mas Gaddafi nem viajou nem viajaria; em pouco tempo seus seguidores se recompuseram e, então sim, começaram uma efetiva luta de resistência contra os rebeldes.
Os rebeldes, que não são tropa profissional, logo iniciaram movimento de retirada de volta para o único ponto que realmente controlam no território, na cidade de Ben-ghazi.
Para impedir que Gaddafi impusesse qualquer tipo de retaliação contra os rebeldes, a ONU autorizou a OTAN a implantar uma zona aérea de exclusão sobre a Líbia, para impedir que civis desarmados fossem atacados.
Muito estranhamente, a resolução da ONU nada dizia sobre não atacar civis desarmados que vivem nos setores controlados por Gaddafi. Ante essa estranha omissão, a coalizão OTAN-EUA-Canadá iniciou imediatamente os ataques contra alvos do governo líbio.
Já há mais de cinco meses, os aviões da OTAN apoiam os rebeldes, e navios de guerra da OTAN implantaram um embargo de armas unilateral contra o exército de Gaddafi. Todos os fundos financeiros líbios foram congelados, o que tornou virtualmente impossível para a Líbia comprar material bélico nem, sequer, prover as necessidades básicas do país, por exemplo, em termos de combustível.
Apesar de todas essas medidas, as unidades esparsas, sem qualquer coesão ou ordem que compõem as milícias rebeldes, não conseguiram impor qualquer derrota taticamente significativa às forças leais a Gaddafi – muito menos, é claro, conseguiram derrubar o ditador.
Em viagem que fiz a Trípoli, semana passada, para levantar fatos, vi que Gaddafi consolidou seu controle sobre a capital e praticamente toda a parte oeste da Líbia. Diplomatas que continuam em Trípoli confirmaram que, desde que começou o bombardeio pela OTAN, o apoio da população e a aprovação ao governo Gadaffi subiram à estratosfera e estão hoje em torno de 85%.
Das 2.335 tribos que há na Líbia, mais de 2.000 mantêm-se fiel ao presidente atacado pela OTAN. Hoje, as principais dificuldades que os líbios enfrentam são relacionadas ao racionamento de combustível e à falta de energia elétrica, resultado das bombas da OTAN que são causa das mais terríveis dificuldades que os líbios enfrentam nos setores controlados por Gaddafi.
A população, evidentemente, culpa a OTAN – não Gaddafi – pelos racionamentos. Em esforço para combater esse sentimento popular e estimular a população a levantar-se contra Gaddafi, os aviões da OTAN têm lançado latas contendo panfletos sobre Trípoli.
Infelizmente para os planejadores da OTAN, as latas são pesadas demais e têm causado ferimentos e quebrado telhados pela cidade, lançadas, como são, de grande altura.
Quanto ao texto das mensagens, algumas já são piada entre os líbios, que riem das traduções às vezes ininteligíveis, às vezes cômicas. Num dos panfletos, por exemplo, no qual quem escreveu supunha que tivesse escrito que os civis devem “unir-se” aos rebeldes, está escrito, de fato, que os civis líbios devem “copular” com os rebeldes.
Outra das missivas da OTAN aconselha que os que vivam em áreas controladas por Gaddafi façam as malas e mudem-se para o território ocupado pelos rebeldes. Aí se lê que os cidadãos devem mudar-se imediatamente para o setor “dos possuídos” (como “possuídos pelo diabo”) da Líbia.
É possível que o embargo, a falta de combustível e a destruição dos prédios públicos e de serviços da Líbia acabem por criar uma crise humanitária muito grave na Líbia de Gaddafi, tão grave que não reste outra alternativa aos líbios além de unir-se em torno do líder que conhecem há mais de 40 anos, para tentarem sobreviver.
Então, afinal, se se chegar a esse ponto, o ocidente dificilmente convencerá alguém de que uma segunda intervenção militar tornou-se necessária, para salvar os líbios da desgraça criada pela primeira intervenção militar... e pelos mesmos interventores.