“Eu creio que o romance sempre foi um testemunho rebelde, de insubmissão. Em todas as épocas os romances flagraram nossas carências, tudo aquilo que a realidade não nos pode dar e que, de alguma maneira, desejamos”. As palavras são do escritor premiado com o Nobel, Mario Vargas Llosa, citadas em recente entrevista e caem como uma luva sobre Tropa de Elite 2.
No primeiro filme a intelectualidade brasileira, ofendida com os ataques à classe média e aos “pensadores” usuários light de drogas, atacou José Padilha com a estampa de “fascista”. Em Tropa 2 o diretor deixou essa turma em paz e ofereceu, de forma mais clara, aquilo que Vargas Llosa descreve nas palavras acima: catarse. O filme, um romance em imagens, dá ao público a sensação de vingar-se de todo um sistema corrupto e criminoso que está hoje nos jornais, nas revistas e na TV, e contra o qual o público, de verdade, pouco pode fazer contra.
Seguindo um modelo clássico de narrativa, o filme, assim, oficializa a posição de capitão Nascimento como um herói brasileiro, e não como um antiherói, como quiseram taxá-lo, injustamente, no primeiro filme. Injustamente mesmo, porque o antiherói propriamente dito não age, se deixa levar. Um antiherói não é um vilão e também não é um herói politicamente incorreto. Nascimento não é nada disso, nem nunca foi. Nascimento é um herói.
Isso fica claro em qualquer sessão de Tropa de Elite 2 nos cinemas em Porto Velho, assim como em qualquer canto do Brasil. O público grita e aplaude no final da fita. Faz isso porque se sente bem com o senso de justiça básico de uma narrativa simples onde o Bem, sempre, tem que vencer o Mal.
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