A discussão sobre como lançar novos autores continua rolando aqui no blog e no Twitter. O assunto é interessante. Um ponto que foi levantado esta manhã foi a criação de mais leitores. Desta forma:
"Escritor tem até demais, em cada esquina se encontra um. O problema é arrumar público para tanto autor"
Temos aqui duas ou mais questões interessantes:
1- O Brasil poderia ter mais leitores, mas as escolas não formam esse consumidor?
2- O escritor deveria escrever mais para o público, e não para ele próprio?
3- A indústria, as editoras, estão publicando mesmo?
É comum o candidato a escritor sair por aí na internet buscando informações, dicas de como publicar, como correr atrás de uma oportunidade, etc. As dicas são sempre as mesmas e deixam de lado sempre o fato de a indústria não estar nem um pouco a fim de arriscar ou de ter o trabalho de criar e desenvolver autores. No meio dessa odisseia, o novato vai se deparar inúmeras vezes com anúncios de oportunidades incríveis para ele próprio publicar seu livro.
Empresas especializadas nisso dão a honra do escritor publicar o que ele quiser, como ele quiser e ainda ficar com exemplares para vender a seus amigos, correr de porta em porta e vender em mesas de bares. Uma chance imperdível de mostrar seu valor à sociedade!
Obviamente o autor novato vai ficar feliz da vida com o fato de estar fazendo exatamente o que tantas vezes viu escrito nas dicas de como se tornar um autor de sucesso. Isso porque, afinal de contas, para ele ser escritor não é uma profissão como outra qualquer, e seu texto obviamente não é um produto, não é simplesmente resultado de seu trabalho, fruto de sua mão de obra especializada.
Autores estão por aí, em cada esquina. No entanto, é cada vez mais difícil encontrar alguém que escreva com clareza, de maneira formal e precisa. Autores estão por aí, em cada esquina, e muitos deles publicam histórias cujos personagens principais são escritores vivendo uma fase de crise, etc e etc.
Desculpe se fui ácido agora, mas é que essas dicas de como se virar no mundo da literatura não passam de balela.
Um passeio por sites de grandes editoras brasileiras revela um grande desinteresse em receber originais não requisitados. Algumas delas mantêm há anos avisos de que estão passando por fase de reestruturação e por isso não podem receber os textos. Há anos.
Eu digo que as dicas são balela exatamente porque não seria necessário nenhum tipo de sacrifício ou via crucis caso as editoras estivessem interessadas em autores nacionais para preencher as necessidades de obras temáticas, comerciais.
O que acho que falta aos escritores brasileiros é exatamente o que eles repudiam. A indústria dos livros enxerga a escrita como um produto, logo, é preciso que o escritor entenda essa realidade.
ResponderExcluirQuem é aquele que escreveu? A quem interessa a obra produzida? Elá é um produto vendável? Quem seria o público alvo daquela escrita?
Perguntas que, nós, os escritores, costumamos não pensar e sequer responder.
E, são essas as perguntas das editoras ao pensar na publicação de um "novato", por isso, a opção pelos "clássicos" - que por já terem esses questionamentos conhecidos e respondidos, garantem o lucro certo.
Apostar no novo? Só se esse novo já tiver nome conhecido - pode ser um ator, uma "fifteen minutes celebrity" que brota o tempo todo, ou apenas filho ou parente de alguém conhecido.
Não estou desmerecendo o talento desses acima citados, mas apenas constatando, que você pode ser o mais talentoso dos escritores da sua geração, mas se vocè não for "alguém" ou "filho de alguém", a verdade é que dificilmente você conseguirá publicar seu livro sem ser pelo seu próprio bolso.